Pense
numa prova difícil. Agora multiplique o nível de dificuldade por
cinco. Pronto, matematicamente falando, você consegue imaginar o
perrengue que passei nessa prova. Mas não estou reclamando, e sim
comemorando, um evento que proporcionou fortes emoções, do início
ao fim, marca registrada da Patagonia Eventos. Marcada para o dia 22
de novembro de 2014, a um custo nada convencional de R$ 275,00, a
última etapa brasileira dessa série de meias maratonas foi levada à
Fazenda Guaxinduva, localizada no município de Cabreúva, interior
do estado de São Paulo. A organização “operacional” do evento
ficou a cargo da empresa E2X Esporte e Entretenimento, até
então, novidade para mim.
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Belo visual |
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Fazenda Guaxinduva |
A
cidade de Cabreúva dista aproximadamente noventa quilômetros para
quem parte da cidade de São Paulo. Fui de carona com a minha amiga
Clausen Colins, que participa ativamente do circuito de
corridas. Também foi conosco outro corredor, o Danilo Balú,
que dessa vez foi como espectador. Partimos bem cedo, ainda nem havia
amanhecido, tudo para evitar qualquer tipo de imprevisto. No caminho,
o assunto não poderia ser outro: as expectativas que tal desafio nos
aguardava. Não foi difícil localizar a Fazenda Guaxinduva, logo na
portaria (que é uma propriedade particular), havia conferência dos
inscritos mediante apresentação de documento, já que estava
proibida a entrada de pessoas não autorizadas.
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Retirada do kit |
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Parte do material que veio no kit |
O
kit de participação veio recheado de coisas bacanas: uma cinta
porta garrafa de 500ml e com quatro bolsos, customizado com a marca
K21, uma viseira na cor preta, uma camiseta azul (uso obrigatório na
prova), uma garrafa tipo sachê ou mesmo “Soft Flask”
(flexível), além de gel carboidrato e outros trecos. A temperatura
estava agradável, acredito que próximo aos 22ºC (o que é ótimo
para a prática esportiva). A arena do evento sofreu uma queda de
energia momentos antes da largada (prevista para ocorrer às 09h00).
Falando em largada, um atraso de quinze minutos devido a enorme fila
que se formou para entrada na fazenda (esse esquema de conferência
precisa ser revisto na próxima edição, confirmada para 2015).
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Galera chegando para o evento |
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Tudo preparado |
Além
da distância tradicional de 21Km, havia trechos menores, com 5 e
10Km, respectivamente. A festa que marcou a largada foi muito bacana,
bem organizada, sem qualquer tumulto. Visto em imagens ou vídeos,
parecíamos os “Smurfs” (risos). Os primeiros dois
quilômetros foram tranquilos, subidas e descidas razoáveis, acho
que para “amaciar” o corpo, pois dali para a frente começou uma
verdadeira “montanha russa”, trechos muito técnicos, com trilhas
fechadas, onde se corria e caminhava em fila indiana. A certa
altura, não me recordo em qual quilômetro, as subidas se tornaram
longas, onde não se via o final. Lembro que fiz várias
ultrapassagens, mesmo caminhando, talvez pelo fato de estranhamente
eu reagir melhor em subidas.
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Galera animada para a prova |
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Momento "fotos para a imprensa" (risos) |
Já
nas descidas, igualmente difíceis, pois qualquer desatenção era
tombo na certa e poderia causar graves consequências. Os meus dois
graus de miopia ainda me permite correr sem óculos, mas farei uma
releitura a respeito disso para as próximas corridas de aventura. Em
determinados momentos, abdiquei da caminhada e tentei pequenos
trotes, mas receava que isso poderia me cansar mais. A hidratação
foi fundamental, não enfrentei problema em nenhum dos postos, todos
bem abastecidos. Aliás, que ninguém dependa exclusivamente dos
postos, que são poucos, o ideal é cada um levar a sua reserva de
água ou o que julgar melhor. O contato com a natureza daquele lugar
é espetacular, percurso totalmente “off-road”.
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"Smurfs" na largada |
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Visual exuberante |
Perto
do final da prova, uma subida íngreme do tipo “Como vou escalar
essa porra?”, pensei em todos os treinos “não feitos” de
pernas e demais membros inferiores na academia (Bodytech Vila Olímpia). Mesmo assim, o meu
rendimento foi acima do esperado, os treinos de natação e
musculação (meia-boca, admito), resultaram em boas condições para
encarar aquele desafio. Uns vinte minutos ou mais após vencer aquele
paredão (pouco mais de trezentos metros), o refresco veio igualmente
proporcional, numa descida das mais doidas que já vi, até corda
havia para auxiliar aquele trecho. Em desci agachado, escorregando,
ao melhor estilo “ver no que vai dar”, o que acabou dando certo,
mas nem preciso dizer foi terra para tudo quanto é lado.
Vídeo oficial da prova:
A
partir daí encontrei corredores das distâncias menores, pessoas que
pouco se importavam com o tempo, queriam mais é curtir aquela
natureza exuberante. E a tão aguardada cachoeira surgiu nos
quilômetros finais, cercada de muito verde, pedras enormes e
movimentada por águas geladas. A água batia na altura das minhas
canelas, nada muito difícil até então, o cuidado seria apenas para
evitar o desequilíbrio corporal e seguir em frente. Nesse momento
chutei, inadvertidamente, uma pedra que devia ser enorme, pois era
impossível descrever o tamanho nela, em grande parte submersa
naquelas águas correntes. Fui às “estrelas” quando senti o
impacto, com o corpo aquecido, amenizou a dor, fiquei imaginando o
estrago quando tirasse o tênis.
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Mais uma para a conta |
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Sujinhos no pós-prova (risos) |
Já
estava com a mão direita estropiada, mesmo usando luvas, momentos
antes, para evitar uma descida brusca, apoiei com toda força numa
árvore, só que no tronco havia espinhos pontiagudos, o que causou
machucados leves. Creio o leitor já percebeu que tipo de prova foi
essa na Serra do Japi, sem dúvidas a mais complicadas de todas que
fiz este ano (até então tinha como parâmetro de dificuldade a
Corrida dos Eucaliptos). No percurso, acabei conhecendo, por acaso, a
Lídia Simões, exímia corredora de aventura. Cheguei a
ultrapassá-la em algum momento, porém, surgida como uma verdadeira
“Fênix”, essa guerreira deu o troco faltando pouco mais de um
quilômetro para o final. Encontrou forças sabe-se lá de onde
(risos).
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Pós-prova com a Clausen e o Marcelo Jacoto |
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Pódio (olhem a Neidinha Rosa faturando o 2º lugar na categoria) |
Cansado,
os metros finais foram os mais “planos” de toda a corrida, porém,
por tudo o que tinha passado, o trecho em que eu já estava esgotado
fisicamente. Já era possível escutar o som da música e do locutor
anunciando os concluintes. Finalizei os 21Km com o tempo de 2
horas e 59 minutos, o que me deixou bastante
satisfeito, já que fazer uma prova daquela sub-3h foi para lá de
especial. Recebi a medalha de participação e um isotônico. Sobre a
medalha, achei simples demais, sem referência a etapa e igual para
todas as distâncias. Pelo valor pago na inscrição, penso que a
organização poderia inovar, já que se trata de um
evento diferenciado. Faltou algo que os argentinos prezam muito em
seus eventos: glamour.
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E não é que a minha amiga faturou mais um troféu? |
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Danilo Balú e a Clausen Colins |
De
qualquer forma, participar dessa corrida me motivou a tomar algumas
decisões visando 2015, entre elas, participar de mais etapas da K21
Series e focar nos treinos de musculação. Outra decisão foi tornar
assinante da revista Contra-Relógio, uma das melhores (senão
a melhor) revista sobre corridas do país. Em parceria com a revista,
a Patagonia Eventos CONCEDIA 20% de desconto nas inscrições
de todas as suas provas, porém, tive a amarga surpresa de que esse
desconto foi reduzido a 10% nos eventos de 2015 (notícia recebida em
07/01/15). Bom, só espero que a qualidade dos eventos K21 Series
tenha em 2015 o mesmo “glamour” que as etapas argentinas possuem,
pois é desagradável pagar um alto valor na inscrição e não ter o
devido retorno.
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Para 2015 essa dupla montanheira estará de volta! |
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Medalha |
Por
falta de boas opções no calendário, essa acabou sendo a minha
última prova em 2014, porém, sem qualquer frustração, mesmo
porquê pude me dedicar com maior afinco aos treinos. Muitos me
perguntam o motivo de não querer fazer a São Silvestre; a todos dou
a mesma resposta: já participei de dez edições, todas com alguma
coisa errada que deu com a organização, por isso resolvi dar um
tempo de correr esse evento. Para a edição 2014, li que 1.800 kits saíram
impressos como “Volta da Pampulha”, acho que não preciso dizer
mais nada. Espero que tenham gostado do relato, para 2015 muitas
provas de aventura em vista, que farei questão em dividir com vocês
no blog.
Um
Feliz Ano de 2015 e que você continue correndo na estrada da vida.
Mas lembre-se: um bom preparo e um bom tênis ajuda e muito!!!
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