É
com grande satisfação que venho compartilhar um dos momentos mais
incríveis que vivi nos últimos anos: participar da Maratona de
Barcelona. Tentarei reunir os principais pontos, sem deixar a
leitura cansativa e monótona. A ideia de correr uma maratona no
exterior surgiu no final do ano passado, quando planejava o que fazer
nas férias de março. Após algumas pesquisas, surgiram duas boas
opções: Maratona de Barcelona (16/03) e Maratona de Roma (23/03).
Optei pela Espanha porque era um país que ainda não conhecia,
enquanto que a Itália fez parte da minha rota em 2010, quando corri
na Maratona de Florença. Por incrível que pareça, as inscrições
para a Maratona de Barcelona não tem a mesma procura que outras
maratonas pelo mundo, tanto é que a poucas semanas antes do evento,
era possível garantir presença.
Plaça D' Espanya - local de largada/chegada da maratona |
A
retirada do kit de participação aconteceu na Expo Sports, feira
esportiva onde muitas empresas apresentaram os mais diversos
produtos, desde roupas, tênis, inovações tecnológicas, dicas de
suplementos, além informações sobre nutrição, fisiologia e
testes gratuitos. O evento contou também com a divulgação de
outras maratonas pelo mundo, onde os representantes desses países
tentavam convencer os atletas a participar desses eventos. Uma coisa
eu garanto: uma maratona mais atraente que a outra. Apesar de ser
quase vinte mil inscritos (e dois dias para a retirada do kit), não
enfrentei fila, algo que merece ser enaltecido. Aproveitei e garanti
a minha participação na “Breakfest Run”, corrida festiva de
4,195Km que acontece na véspera em homenagem aos Jogos Olímpicos de
Barcelona (1992) e que é limitado a duas mil pessoas. No mesmo dia,
ainda teve o tradicional almoço de massa, gratuito a todos os
inscritos.
Expo Sports |
Já
no domingo, a concentração do evento
aconteceu
em frente
a “Plaça de Espanya”, ostentada por duas grandes torres
medievais, tendo o Palácio Nacional como pano de fundo, cercado por
suas magníficas fontes e longas escadarias. Um
verdadeiro cartão-postal ou sendo mais efusivo nas palavras, um
“museu a céu aberto”. O hotel em que fiquei hospedado (HCC
Lugano) está localizado a cerca de quinhentos metros da “Avenida
Reina Maria Cristina”, portanto, não precisei utilizar o
guarda-volumes, tampouco me preocupar com horário. Prevista para
começar as 08h30 (horário local), sai do hotel
exatamente as 08h10. A temperatura apresentava agradáveis 23 graus,
cuja
previsão poderia
atingir vinte e cinco
nas horas seguintes.
Quando
fiz a inscrição,
coloquei que pretendia terminar entre 3h30 e 3h45, por conta disso,
fui
posicionado a largar na baia de cor verde.
Kit de participação |
Foi
aí que surgiu uma
cena
sensacional: cada baia teve um “momento largada” próprio. Por
exemplo, a minha frente estavam os setores vermelho e azul, quando o
locutor anunciava que seria a vez do setor azul, chuvas de papel
picado na cor correspondente inundava o ambiente, colocando aqueles
atletas como foco principal do evento, foi emocionante de ver. Quando
a cor verde ocupou o centro das atenções, começou a tocar a música
“Europe
– The
Final Countdown”
(foi
uma sensação indescritível, literalmente de arrepiar!). Uma
mistura de sentimentos ocupou os meus pensamentos, só
estando na “pele” para saber exatamente o que foi tudo aquilo.
Não
vou me recordar os nomes das ruas e avenidas, por isso postarei um
vídeo que mostra tudo de maneira prática, melhor do
que
eu ficar tentando descrever (imagens que falam por si só). A cidade
parou para ver os atletas correrem, o público era maciço em
praticamente todos os pontos do percurso.
Não
percebi a presença de brasileiros enquanto corria, havia pessoas de
todos os lugares possíveis, era o mundo sendo representado naquelas
ruas. O percurso, quase todo plano, facilitou a vida de muita gente
(inclusive a minha), os postos de hidratação atuaram de maneira
impecável. No início serviam água e powerade, após os dez
quilômetros iniciais, passaram a oferecer frutas (pedaços de
laranja sem semente, melancia e banana), além de gel carboidrato e
amendoim. Muito
legal ver a família de alguns corredores pelo caminho, muitos deles
paravam e abraçavam todos, para assim, seguirem adiante. A
sinalização foi extremamente eficaz, em nenhum momento fiquei
“perdido” sem saber em qual quilômetro estava. Nem preciso falar
das condições das ruas, o asfalto beirava a perfeição, podia
correr de olhos vendados que mesmo assim o risco de sofrer algum
acidente era mínimo.
Já no final da prova (em frente ao hotel HCC Lugano) |
Além
do público, havia algumas bandas pelo caminho, a maioria delas
tocando o bom e velho rock 'n roll, além de grupos de batuque (não
sei são chamados assim), agitando ainda mais o ambiente. Era
difícil distinguir os fotógrafos, pois muita gente portava câmeras
semi-profissionais, o
que me confundia
na hora de olhar
para a câmera certa.
A partir do Km 30 as coisas ficaram mais difíceis, as pernas
pesadas (me arrependo até agora de não ter feito treinos acima de
25Km) e
o
cansaço passaram
a ter um papel de destaque, tentei não pensar muito nisso e seguir,
procurava
sempre
uma pessoa num ritmo razoável e acompanhar, tentando esquecer “os
problemas”. O
final, pela “Avenida Paralela”, foi muito prazeroso, pois ao
término dessa avenida, o tão almejado fechamento da maratona. Passei
em frente ao meu hotel (era prazeroso saber que em poucos minutos
estaria em meu quarto).
Pós-prova: retirada de chip para receber a medalha |
Finalizei
os 42,195 Km com o tempo de 3h47min22seg,
a minha 8ª maratona, a primeira abaixo das 4 horas. Isso tudo me
deixou por alguns segundos muito emocionado, agradeci
em pensamento a todos que me apoiaram, aos meus familiares que tanto
torceram (apesar de sempre ficarem com o “coração na mão”
quando viajo), aos meus amigos que, direta ou indiretamente estão
comigo. Recebi uma belíssima medalha, além de uma garrafa de
Powerade. Uma mesa com frutas a bel prazer (similar aos eventos da
Track&Field) a
disposição dos atletas.
As
pernas estavam pesadas, estava anestesiado de tanto cansaço. Ainda
sim, fui ao hotel buscar a câmera para registrar aqueles
momentos. Após
retornar, definitivamente, ao hotel, os resultados já estavam
disponíveis na internet.
Pensam
que eu descansei o resto do domingo? Nada disso, ainda tinha o jogo
do Barcelona para assistir, conforme a foto abaixo (risos). Acho que
tudo deu certo naquele dia, pois o Barça ganhou por 7x0 (fora o
espetáculo). Deixando
um pouco a modéstia de lado, correr uma maratona na europa e depois
assistir a um jogo do Barcelona (um dos melhores times do mundo),
realmente é surreal!!
No estádio Camp Nou |
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Já
estão abertas as inscrições para a edição 2015!
Até
a próxima!
Excelente seu relato! Conheço Barcelona, mas não com os olhos e a sensação de um corredor. Vou estrear em maratonas este ano no Rio e me preparando para, quem sabe, correr NY também. Alguma dica? Vc já correu esta prova. Já estive nesta cidade tb, mas não com a temperatura que me espera lá em 02/11/2014. Se puder me passar, qq dica será bem vinda.. Parabéns mais uma vez!! Vou te mandar esta mensagem in box no FB tb. Vlw e obrigado.
ResponderExcluirQue prova incrível Daniel. Parabéns pelo sub-4h... foi show!
ResponderExcluirMuito bom reunir a paixão de correr com o turismo... e de quebra assistir a uma goleada do Barça, rs...
Bons treinos campeão... e parabéns pelo seu Recorde Pessoal Mundial na maratona.
Abraços.
Que bacana! !!! Adorei as observações, os comentários e a sua determinação, além do excelente tempo na Maratona! Parabéns! !!!!
ResponderExcluirOi, Daniel
ResponderExcluirComo foi a hidratação da prova? Já fiz Paris e Berlim e achei bem ruim, copo aberto, pessoas paradas no local, bem cheio e complicado. Barcelona também era assim?? Obrigada! Thais
Olá Thais!
ExcluirAgradeço a visita em meu blog. A hidratação foi servida em garrafinhas, bem prático e sem tumulto, pelo menos assim foi no instante em que eu passei (sabemos que em muitos lugares a coisa vai piorando para quem corre mais devagar). Acho copo aberto ruim, pois imagine alguém se debruçando para pegar essa água, o quanto de suor que invariavelmente pode cair nos outros copos? Fiz Paris em 2010, sofri mais com a cerveja no final (fui inventar de tomar no Km 36 quase estraguei minha prova - risos). Um abraço!