Preparativos, o embarque e a chegada à El Calafate
Olá amigos, a partir deste momento tentarei contar em detalhes
tudo o que aconteceu nos dias em que estive na Argentina, para participar da
Media Maratón del Glaciar (Meia Maratona dos Glaciares). Muitos me perguntaram
como eu descobri essa prova e o que me motivou a correr no frio da Patagônia.
Pois bem, no ano passado, estive na “Brazil Sports Show” (feira esportiva que
ocorreu no ginásio do Ibirapuera entre os dias 11 e 14/08/11), e passeando
pelas mais diversas estandes, encontrei o pessoal da XTravel divulgando vários
eventos, porém, o que me chamou a atenção foi o grande cartaz divulgando a “Media
Maratón del Glaciar”, conversei um pouco com o representante da agência para
obter algumas informações. Fiquei bastante interessado quando soube que seria a primeira edição daquela prova, pois nunca havia ocorrido evento naquele lugar e também pelo número limitado a 300 (trezentos) atletas. O tempo passou e eu acabei deixando de lado aquela
ideia, logo em seguida tive a contusão no tendão calcâneo (que me tirou das
corridas por quatro meses), e assim o ano de 2011 chegou ao fim e alguns
objetivos permaneceram no papel. O ano de 2012 começou muito bem, conforme
vocês puderam acompanhar nos relatos anteriores, não sentia mais dores, o que para
mim significava um sinal de alívio e otimismo para entrar desde o início no
calendário das corridas de montanha, além de algumas corridas no asfalto.
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Descobri essa prova no ano passado (13/08/11) |
Outra novidade foi o ingresso da Academia Bodytech no segmento de
corridas de rua, oferecendo uma estrutura para os seus alunos durante os
sábados na Cidade Universitária. Passei a fazer parte desse grupo frequentando
assiduamente os treinos, tudo sendo acompanhando por pelo menos três
profissionais da academia, com uma estrutura para alongamentos e educativos, além
do suporte de reposição alimentar (frutas, água, açaí, biscoitos etc.). Devo
lembrar a minha feliz e vitoriosa passagem pela “Nova Equipe Assessoria Esportiva”,
do treinador Emerson Bisan, onde pude melhorar a minha performance e também
fazer boas amizades, em breve farei um texto para agradecer todo o apoio que
recebi durante mais de três anos. No final de janeiro, num dia qualquer,
navegando pela internet, acessei o site da prova e fiquei “tentado” a realizar
a inscrição, entrei em todas as seções do site, até que na página da inscrição,
fui clicando, clicando até chegar na ordem de pagamento, pensei por alguns
instantes e por fim apareceu a mensagem “Inscrição realizada com sucesso”, a
partir daquele momento iniciei o processo de planejamento da viagem.
Consultei algumas agências de viagem, obtive vários orçamentos,
além de alguns contatos telefônicos. A proposta que mais me chamou a atenção,
apesar de não ter sido a de menor custo, foi a oferecida pela XTravel, o que
pesou em favor disso foi o fato de eu já ter viajado com eles, praticamente não
cometem erros (exceto na viagem à Villa la Angostura em 2009, onde algumas
informações estavam um pouco desencontradas, aliado à ameaça de greve das
empresas aéreas na Argentina, mas no final das contas acabou correndo tudo bem),
eles oferecem um amplo serviço de apoio ao cliente/turista, sendo que não
precisamos nos preocupar com nada, exceto fazer as malas (risos). A única coisa
que não gostei no pacote foi o espaço de seis horas entre o desembarque em
Buenos Aires até o horário de conexão para o aeroporto do El Calafate. Aquela
situação seria desagradável, pois seria muito tempo ocioso dentro do aeroporto.
Bom, de qualquer forma, não seria a primeira vez que passaria por uma situação
daquelas, fato idêntico ocorreu no retorno da Itália em 2010.
Passado os trâmites iniciais referentes ao planejamento da viagem,
continuei normalmente com os treinos e as provas que estavam marcadas. Os dias
foram passando rapidamente, mês após mês, até que finalmente chegou o mês de
abril. Com o feriado da semana santa, ficou ainda mais “curto” e bem próximo da
viagem. Dias antes do embarque, tive consulta de retorno com o cardiologista,
no Hospital HCor, onde recebi as melhores notícias possíveis, que todo o meu
sistema cardiovascular estava em perfeitas condições, o mesmo para os exames
sanguíneos. Pedi ao cardiologista que escrevesse um atestado constando as
minhas plenas condições em participar de uma prova de pedestre (exigência da
organização da prova). Tive o privilégio de receber um atestado escrito em
espanhol, pois o cardiologista era de origem argentina, ele ficou contente
quando falei que ia ao seu país de origem. Esqueci-me de dizer, antes da
consulta ao médico, fui até o Shopping Paulista, mais especificamente no Banco
Cotação, fazer o câmbio da moeda brasileira (o real) por ‘pesos argentinos’. Atualmente
a moeda argentina vale metade do real, isso ocorre por conta da profunda crise
que os argentinos enfrentaram na última década e agora dão sinais de
recuperação.
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Ticket de embarque |
O embarque estava previsto para as 05h55min do dia 12/04/12, no Aeroporto
Internacional de Guarulhos (Cumbica). Pelas regras vigentes, eu teria que estar
lá no mínimo com três horas de antecedência, o que me faria “madrugar”. No dia
anterior (quarta-feira), fiquei arrumando as malas e assistindo o jogo do São
Paulo (vitória por 5x2 contra o Bahia de Feira de Santana), conclusão: fui
deitar por volta de 00h40min, a poucas horas de ir ao aeroporto. Mesmo assim,
deitei para tirar um cochilo, programei a televisão para ligar as 02h30min. Eis
que eu acordei com o telefone tocando, atendi, era o taxista me perguntando se
a viagem era mesmo naquele dia, eu confirmei olhando no relógio, eram 03h15min,
ou seja, estava atrasado! Com as malas prontas, em menos de dez minutos estava
saindo de casa rumo ao aeroporto. Tamanha foi a minha surpresa ao chegar lá: o
local estava tranquilo e quase não se via filas e toda aquela confusão que se
vê diariamente. Fiz o check-in sem filas, o mesmo ocorreu no
detector de metais e no guichê da polícia federal. Sem qualquer tipo de
imprevisto, por volta das 05h30min, já estava dentro do avião da Aerolíneas Argentinas. O voo transcorreu
tranquilamente, aliás, em pouco mais de duas horas, já estava em território
argentino, cujo desembarque ocorreu num
aeroporto mais distante do centro de Buenos Aires (Aeroparque). Peguei a minha
mala na esteira, pois seria necessário realizar um novo check-in para o El
Calafate.
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Voando por cima das nuvens |
Permaneci no aeroporto aguardando o embarque por mais de seis
horas, escutei músicas, comi um lanche e, por volta das 14h50min estava
liberada a entrada no avião. Por não ter me alimentado corretamente, estava com
um pouco de dor de cabeça, não via a hora de chegar ao hotel para descansar.
Porém, a duração do voo seria de aproximadamente três horas, ou seja, um
trajeto mais longo do que o realizado de São Paulo a Buenos Aires. Foi uma das
viagens mais difíceis das que eu enfrentei até hoje, pois no assento a minha
frente, havia uma criança de colo (aproximadamente um ano e meio) que berrava
incessantemente. Não era choro, era “birra” mesmo, não era apenas eu que estava
incomodado com aquela situação, outros passageiros também demonstravam
chateação com aquilo. Com isso, parecia que a minha cabeça ia “explodir”, pois
o que era apenas uma pequena dor de cabeça no ato do embarque, já havia se
tornado um incômodo enorme. De qualquer forma, desembarcamos no aeroporto do El
Calafate conforme o previsto, por volta das 19h00min. O aeroporto era
minúsculo, localizado no meio do “nada”, quem quer que estivesse passando por
ali pela estrada, jamais diria tratar-se de um aeroporto, pois o lugar mais
parecia com aquelas paradas na beira da estrada (risos), porém, tudo ali era
novo e limpo.
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Uma cervejinha... |
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Agora está completo |
Assim que peguei a minha mala, um representante da empresa de
turismo contratada pela XTravel estava com a famosa plaquinha com o nome “Daniel
Goncalves”, aliás, eu não era o único brasileiro que eles estavam esperando.
Prontamente entrei na van, pois a cidade de El Calafate ficava a cerca de 80
quilômetros de distância. Assim que cheguei ao hotel “Kosten Aike”, fui muito
bem recepcionado com um copo de um suco típico do lugar (não me perguntem o
sabor, o que sei é que estava gostoso – risos). Quanto ao hotel propriamente
dito, dispensa comentários, vocês poderão conferir nas fotos que postarei. Um detalhe interessante e que gostei muito é o hasteamento da bandeira do país de origem do hóspede em frente a entrada principal do hotel, seria como uma espécie de visita "oficial", onde a pessoa se sente com status de diplomata (risos). E a
dor de cabeça? A primeira coisa que fiz quando entrei no quarto foi tomar um
comprimido, e permaneci deitado até que a dor cessasse. Em seguida, ainda era
20h30, fui dar uma volta na cidade para me “ambientar” e também encontrar um
local para jantar, afinal, só havia comido lanche o dia todo. Conforme eu
contei no relato anterior (prévia), a pequena cidade de El Calafate tinha pouco
mais de cinco mil habitantes, percebi isso enquanto caminhava, diferentemente
de todos os lugares por onde já viajei.
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El Calafate |
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Principal avenida de El Calafate |
Para o jantar, optei por comer carne, pedi um lombo com purê de
batatas e uma garrafa de Quilmes,
cerveja tradicional do país. Depois disso, retornei ao hotel, onde desfiz a
mala e tomei um banho. Antes de dormir fui até a sala de computadores do hotel
enviar um email para a minha família, avisando sobre a minha chegada.
Diferentemente de alguns hotéis que já me hospedei, a internet lá era
disponibilizada gratuitamente. Também havia uma mini-academia, com esteira, bike,
aparelhos de musculação, além de uma piscina de hidromassagem e sauna. Já
passava das 22h00min, não restou muita coisa a fazer a não ser dormir (eu
estava mega cansado). Acabei pegando no sono com a televisão ligada, lembro que
a última coisa que estava assistindo era o Chapolin Colorado (no idioma
original – risos), no canal fechado Cartoon Network.
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Café da manhã de sexta-feira (13/04/12) |
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Almoço no mesmo dia |
Acordei por volta das 08h00min e...pasmem, ainda estava escuro!
Resolvi sair para treinar um pouco, afinal, precisava conhecer e ambientar com
o clima do lugar. A cidade estava às moscas, ou melhor, nem isso, parecia que todos
haviam abandonado o lugar (risos). Não estava tão frio, pelo menos não o frio
que eu esperava, percorri em ritmo leve por toda a avenida principal, depois
entrei em algumas ruas não pavimentadas, até que encontrei uma avenida (cujo
nome era uma homenagem póstuma ao presidente argentino Nestor Kirshiner), onde
era possível observar uma vista maravilhosa do Lago Argentino, de um azul
ímpar, um treino que durou cerca de cinquenta minutos, o suficiente para ter
uma boa noção de “espaço” da cidade. Retornei ao hotel, tomei um banho e fui
para o merecido café da manhã. Havia uma fartura de opções, acredito que comi
de tudo um pouco, pois estava “pagando” (e bem) por tudo aquilo. Não havia nada
programado que tomasse o dia inteiro, exceto a retirada do kit da prova, que
seria a partir das 14h00min e o Congresso Técnico, marcado para as 19h00min.
Após o café, peguei a minha câmera fotográfica e fui registrar algumas fotos. A
retirada do kit foi no Hotel Los Alamos, onde seria realizada toda a
concentração pré e pós-prova. No local, havia um café e chocolate quente, além
de uma variedade de bolinhos, cortesia da organização. O kit continha uma
camiseta (uso obrigatório na prova), número de peito, chip descartável, uma
garrafa do isotônico Powerade, adesivos da prova e as conhecidas propagandas.
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Hotel Kosten Aike |
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Bandeira do Brasil (eu estava em visita oficial - risos) |
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Meu quarto |
Mais algumas fotos:
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Eu e a vista do Lago Argentino |
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Lago Argentino |
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Lago Argentino |
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Lago Argentino |
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Tranquilidade na pequena El Calafate |
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Horizonte |
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Olha eu aí... |
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Avenida de El Calafate |
Encerrarei por aqui a primeira parte do relato, para não ficar uma
leitura maçante e cansativa, na segunda parte, contarei tudo sobre o Congresso Técnico e a tão esperada Meia Maratona dos Glaciares (ou das
geleiras, como algumas pessoas preferem chamar).
Oi Daniel,
ResponderExcluirAdorei a primeira parte do seu relato sobre a meia. Além das fotos que ficaram muito bonitas. Deve ser muito bom poder aproveitar cada instante da viagem. Ficarei no aguardo da continuação.
Abraços,
Dani
Dan, pelo q notei o azul e a natureza foram suas companhias constantes nessa aventura, melhor que isso só esse café da manhã, rsrsrs
ResponderExcluirMas, cadê o povo??? Cidade fantasma??? Só tinha vc andando pelas ruas??? Bem....vamos aguardar os próximos capítulos...
Pelo visto foi uma meia bem bacana. Quero ver o resto desta aventura...
ResponderExcluirFábio
www.42afrente@blogspot.com
Oi, Daniel. Sempre com boas novidades por aqui! Parabéns pelo espírito de aventura e por compartilhar estas lindas fotos! Esperamos pelo "prato principal" (a meia-maratona) e a "sobremesa"! Por enquanto, só veio a "entrada"! Rsrsrs.
ResponderExcluirOlá Daniel, que viagem bacana hein!
ResponderExcluirVim conhecer seu blog. Aqui se respira corrida!! Amo tudo isso.
abraços
Vânia
www.cuidandodocorpo.com