domingo, 20 de julho de 2014

Tempos difíceis

Alguém já ouviu falar em esofagite erosiva distal leve? E em gastrite enantemática leve do antro? Até dois meses atrás eu não fazia a menor ideia do que isso significava, tais intitulações por si só já causam um tremendo desconforto quando ditas, ser diagnosticado então nem se fala! Não sei exatamente o que causou isso em meu organismo, o descaso com a alimentação é a tese que mais “aceito” para justificar todas as mazelas que detonaram o meu esôfago. Contarei nas linhas abaixo um pouco do que passei nos últimos meses, valendo mais como um desabafo após esse período de instabilidade total em minha vida.

A vida em preto e branco por algumas semanas
Quando retornei do Rio de Janeiro, após ter participado da Golden Four Asics 21K, no começo de abril último, o meu organismo deu os primeiros sinais de que algo não estava certo. Passei por várias situações chatas, a começar por dores na garganta, azia, tosse seca ininterrupta, dificuldade em respirar após crise de tosse (geralmente causada após alguma refeição), ânsia de vômito e culminando com refluxos (quando o alimento faz o caminho inverso do seu destino), enfim, problemas que me fez frequentar o pronto-socorro do hospital pelo menos umas cinco vezes entre abril e maio.

Horizonte: perspectivas
Paralelamente a isso, para agravar ainda mais o meu estado, um dente do siso que estava adormecido, resolveu despontar como outra fonte de dor. Fiz a extração, deixando este pobre contribuinte ainda mais vulnerável. Já com o juízo “perdido” (risos), permaneci instável durante o mês de maio inteiro, conseguia treinar, porém, muito abaixo da minha capacidade, o esgotamento era visível, além da incômoda tosse que não me largava. Nenhum antibiótico havia surtido o efeito esperado, ao contrário, com a substituição intensa de medicamentos entre uma semana e outra, acho que fez o efeito contrário, devo ter ficado intoxicado e com o organismo em frangalhos. Apesar disso, não abri mão de treinar, penso que seria muito pior se ficasse inerte.

"Meu problema"
Passei em consulta médica com um gastroenterologista, relatei os dias difíceis e, pela experiência dele, previu que poderia se tratar de um refluxo gastroesofágico (o nome assusta). No entanto, teria que passar por exames para descobrir a origem de tudo isso. Realizei quatro exames: nasofaringolaringoscopia, endoscopia digestiva alta, manometria e ph metria 24 horas. Esse último consistia em acoplar um aparelho em meu corpo ligado a uma sonda que seria inserida pela via nasal até atingir cerca de 30 cm (não preciso citar o incômodo que isso me causou). Bom, realizei esses exames e com o resultado em mãos, retornei ao médico. Posso dizer que o cenário não foi tão nebuloso como parecia, da tempestade, apenas uma “leve” garoa me afetou.

Kit 
Bom, nem preciso dizer que a minha alimentação sofreu uma drástica mudança, partindo daquilo que eu tinha que evitar: cafeína, chocolate, frutas ácidas, refrigerante, bebidas alcoólicas, molho de tomate, leite e fritura, dentre tantas outras coisas. Vários amigos me deram boas dicas, uma delas a de reclinar o colchão na hora de dormir (para evitar possível refluxo durante o sono). A minha melhora foi “gradual, lenta e segura” (trocadilho com a frase dita pelo presidente Geisel sobre a retirada da ditadura e volta à democracia). Tive que abortar algumas metas, uma delas, a minha participação na Maratona do Rio de Janeiro, marcada para o dia 27/07/14, o tempo exíguo para uma preparação adequada foi preponderante para cancelar esse projeto. Apesar disso, não me abalei, o que me deixava mais apreensivo era a matéria da faculdade que acumulava.

Retorno às corridas
Mas como no final “tudo se acerta”, graças o auxílio das minhas novas colegas de estudos, Ana e Paula, consegui estudar o suficiente para ter aprovação no primeiro semestre. Devo dizer que passei por momentos “apertados” na faculdade, lembro como se fosse ontem quando estava estudando num domingo à noite e de repente tive uma crise de refluxo, onde fiquei com falta de ar por vários segundos, sendo socorrido pelo meu tio até o pronto socorro. Mas não quero mais lembrar sobre isso, foi uma página muito difícil de ser escrita e depois virada, era como se fosse uma parte da minha história que insistia em permanecer além do previsto. Vencida essa etapa, a minha recuperação passou ser uma questão de tempo.

Momento especial: a chegada
Meus amigos não perceberam, a não ser no início, quando eu tossia muito, depois disso eu lutava para manter uma aparência de que estava bem, mas por dentro, parecia que o meu corpo estava em guerra com essa vilipendiosa tormenta. Não faltei ao trabalho, resisti o quanto pude para ter domínio sobre o meu corpo, não permiti que o padecimento corroesse o meu organismo. Venci, ou melhor, estou vencendo essa maleficência que tentou se instalar em mim. Para provar (a mim mesmo) de que a minha recuperação corria a bons ventos, marquei uma corrida de 10Km (a primeira do ano na distância) para o dia 01/06/14, a EU ATLETA. Depois de ter feito provas de média e longa distâncias, participar desse evento seria o maior dos desafios.

Após a prova
O kit de participação apresentou uma camiseta na cor amarela, com detalhes em verde (talvez em homenagem à Copa do Mundo que estava para começar). E lá estava eu no dia 01/06/14, iniciando o mês e tentando colocar a minha vida nos trilhos novamente. A temperatura estava ótima (havia chovido na noite anterior), não peguei filas no guarda-volumes e antes da 07h00 eu já estava posicionado para a largada (que aconteceu pontualmente nos minutos seguintes). Os meus primeiros quilômetros foram apreensivos, por mais que eu tentava dissipar os pensamentos referentes ao estômago e companhia limitada, era difícil concentrar-se somente na prova. Surpreendentemente, consegui imprimir um bom ritmo, fechando a prova em 47 minutos.

Medalha
Àquela altura, o tempo de conclusão era o que menos importava, estava feliz por não ter sentido nenhum mal-estar, o meu corpo estava novamente “em pé”. O teste serviu também para me convencer a viajar à Santa Catarina na semana seguinte, onde tinha pela frente a Meia Maratona de Floripa, cuja inscrição e passagem aérea estavam assegurados desde abril (antes dos acontecimentos). Pessoal, escrevi o texto acima com uma boa dose de autoestima, o momento difícil pelo qual passei agora é uma história para ser lembrada se o sinal de alerta surgir novamente e ser esquecida quando for comparada aos grandes feitos que pude realizar até hoje. Fiz questão de dividir isso com vocês porque nem sempre atingimos os nossos objetivos somente seguindo uma “trilha de nozes” pelo caminho, muitas vezes temos que descobrir alternativas, vencer armadilhas, buscar luz dentro dos nossos medos e lutar com todas forças para desbravar novos horizontes. Isso é VIVER. O resto é conversa!

Encontrei a luz no fim do túnel

Galera, é isso aí, no próximo relato contarei como foi a Meia Maratona de Floripa. Por tudo o  que passei me fez uma pessoa mais forte, só sei que estou de braços abertos para continuar vivendo. “Se chorei ou se sorri, o importante, é que emoções eu vivi” (Roberto Carlos).

4 comentários:

  1. Puxa Daniel,
    Grande relato. Eu quebrei a perna e estou parado a mais de 50 dias... e estou ficando louco,rs... que bom que superou o desconforto do refluxo.
    Espero que se recupere, para não voltar mais esse desconforto.Você fez um excelente tempo nos 10km, parabéns!

    Mais uma vez, boas melhoras e bons treinos.

    Manda um twitter quando atualizar o blog.

    Um grande abraço.

    Marcelo
    www.corramais.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
  2. Oi Dani
    Sabia q sentia sua falta pelo tt? Q triste saber disso e q otimo agora q está tudo superado. Saúde é coisa séria mesmo. Bem vindo às pistas e um grande abraço.

    ResponderExcluir
  3. Oi Dani
    Sabia q sentia sua falta pelo tt? Q triste saber disso e q otimo agora q está tudo superado. Saúde é coisa séria mesmo. Bem vindo às pistas e um grande abraço.

    ResponderExcluir
  4. Pôxa Dan, por isso que sumiu...espero que já esteja zero bala...seu cuida e fique bem..bjao

    ResponderExcluir