Alguém já ouviu falar em esofagite erosiva distal leve? E em gastrite enantemática leve do antro?
Até dois meses atrás eu não fazia a menor ideia do que isso significava, tais
intitulações por si só já causam um tremendo desconforto quando ditas, ser
diagnosticado então nem se fala! Não sei exatamente o que causou isso em meu
organismo, o descaso com a alimentação é a tese que mais “aceito” para
justificar todas as mazelas que detonaram o meu esôfago. Contarei nas linhas
abaixo um pouco do que passei nos últimos meses, valendo mais como um desabafo
após esse período de instabilidade total em minha vida.
![]() |
A vida em preto e branco por algumas semanas |
Quando retornei do Rio de
Janeiro, após ter participado da Golden Four Asics 21K, no começo de abril
último, o meu organismo deu os primeiros sinais de que algo não estava certo.
Passei por várias situações chatas, a começar por dores na garganta, azia,
tosse seca ininterrupta, dificuldade em respirar após crise de tosse (geralmente
causada após alguma refeição), ânsia de vômito e culminando com refluxos
(quando o alimento faz o caminho inverso do seu destino), enfim, problemas que
me fez frequentar o pronto-socorro do hospital pelo menos umas cinco vezes
entre abril e maio.
![]() |
Horizonte: perspectivas |
Paralelamente a isso, para
agravar ainda mais o meu estado, um dente do siso que estava adormecido,
resolveu despontar como outra fonte de dor. Fiz a extração, deixando este pobre
contribuinte ainda mais vulnerável. Já com o juízo “perdido” (risos), permaneci
instável durante o mês de maio inteiro, conseguia treinar, porém, muito abaixo
da minha capacidade, o esgotamento era visível, além da incômoda tosse que não
me largava. Nenhum antibiótico havia surtido o efeito esperado, ao contrário,
com a substituição intensa de medicamentos entre uma semana e outra, acho que
fez o efeito contrário, devo ter ficado intoxicado e com o organismo em
frangalhos. Apesar disso, não abri mão de treinar, penso que seria muito pior
se ficasse inerte.
![]() |
"Meu problema" |
Passei em consulta médica com
um gastroenterologista, relatei os dias difíceis e, pela experiência dele,
previu que poderia se tratar de um refluxo
gastroesofágico (o nome assusta). No entanto, teria que passar por exames
para descobrir a origem de tudo isso. Realizei quatro exames:
nasofaringolaringoscopia, endoscopia digestiva alta, manometria e ph metria 24
horas. Esse último consistia em acoplar um aparelho em meu corpo ligado a uma
sonda que seria inserida pela via nasal até atingir cerca de 30 cm (não preciso
citar o incômodo que isso me causou). Bom, realizei esses exames e com o
resultado em mãos, retornei ao médico. Posso dizer que o cenário não foi tão
nebuloso como parecia, da tempestade, apenas uma “leve” garoa me afetou.
![]() |
Kit |
Bom, nem preciso dizer que a
minha alimentação sofreu uma drástica mudança, partindo daquilo que eu tinha
que evitar: cafeína, chocolate, frutas ácidas, refrigerante, bebidas
alcoólicas, molho de tomate, leite e fritura, dentre tantas outras coisas. Vários amigos me deram boas dicas, uma delas a de reclinar o colchão na hora de dormir (para evitar possível refluxo durante o sono). A
minha melhora foi “gradual, lenta e segura” (trocadilho com a frase dita pelo
presidente Geisel sobre a retirada da ditadura e volta à democracia). Tive que
abortar algumas metas, uma delas, a minha participação na Maratona do Rio de
Janeiro, marcada para o dia 27/07/14, o tempo exíguo para uma preparação
adequada foi preponderante para cancelar esse projeto. Apesar disso, não me
abalei, o que me deixava mais apreensivo era a matéria da faculdade que
acumulava.
Retorno às corridas |
Mas como no final “tudo se
acerta”, graças o auxílio das minhas novas colegas de estudos, Ana e Paula,
consegui estudar o suficiente para ter aprovação no primeiro semestre. Devo
dizer que passei por momentos “apertados” na faculdade, lembro como se fosse
ontem quando estava estudando num domingo à noite e de repente tive uma crise
de refluxo, onde fiquei com falta de ar por vários segundos, sendo socorrido
pelo meu tio até o pronto socorro. Mas não quero mais lembrar sobre isso, foi
uma página muito difícil de ser escrita e depois virada, era como se fosse uma
parte da minha história que insistia em permanecer além do previsto. Vencida
essa etapa, a minha recuperação passou ser uma questão de tempo.
![]() |
Momento especial: a chegada |
Meus amigos não perceberam, a
não ser no início, quando eu tossia muito, depois disso eu lutava para manter
uma aparência de que estava bem, mas por dentro, parecia que o meu corpo estava
em guerra com essa vilipendiosa tormenta. Não faltei ao trabalho, resisti o quanto pude para
ter domínio sobre o meu corpo, não permiti que o padecimento corroesse o meu organismo.
Venci, ou melhor, estou vencendo essa maleficência que tentou se instalar em
mim. Para provar (a mim mesmo) de que a minha recuperação corria a bons ventos,
marquei uma corrida de 10Km (a primeira do ano na distância) para o dia
01/06/14, a EU ATLETA. Depois de ter feito provas de média e longa distâncias,
participar desse evento seria o maior dos desafios.
Após a prova |
O kit de participação apresentou
uma camiseta na cor amarela, com detalhes em verde (talvez em homenagem à Copa
do Mundo que estava para começar). E lá estava eu no dia 01/06/14, iniciando o
mês e tentando colocar a minha vida nos trilhos novamente. A temperatura estava
ótima (havia chovido na noite anterior), não peguei filas no guarda-volumes e
antes da 07h00 eu já estava posicionado para a largada (que aconteceu
pontualmente nos minutos seguintes). Os meus primeiros quilômetros foram
apreensivos, por mais que eu tentava dissipar os pensamentos referentes ao
estômago e companhia limitada, era
difícil concentrar-se somente na prova. Surpreendentemente, consegui imprimir
um bom ritmo, fechando a prova em 47 minutos.
![]() |
Medalha |
Àquela altura, o tempo de
conclusão era o que menos importava, estava feliz por não ter sentido nenhum
mal-estar, o meu corpo estava novamente “em pé”. O teste serviu também para me
convencer a viajar à Santa Catarina na semana seguinte, onde tinha pela frente
a Meia Maratona de Floripa, cuja inscrição e passagem aérea estavam assegurados
desde abril (antes dos acontecimentos). Pessoal, escrevi o texto acima com uma
boa dose de autoestima, o momento difícil pelo qual passei agora é uma história
para ser lembrada se o sinal de
alerta surgir novamente e ser esquecida
quando for comparada aos grandes feitos que pude realizar até hoje. Fiz questão
de dividir isso com vocês porque nem sempre atingimos os nossos objetivos
somente seguindo uma “trilha de nozes” pelo caminho, muitas vezes temos que descobrir
alternativas, vencer armadilhas, buscar luz dentro dos nossos medos e lutar com
todas forças para desbravar novos horizontes. Isso é VIVER. O resto é conversa!
![]() |
Encontrei a luz no fim do túnel |
Galera, é isso aí, no próximo
relato contarei como foi a Meia Maratona de Floripa. Por tudo o que passei me fez uma pessoa mais forte, só sei que estou de braços abertos
para continuar vivendo. “Se chorei ou se sorri, o
importante, é que emoções eu vivi” (Roberto
Carlos).
Puxa Daniel,
ResponderExcluirGrande relato. Eu quebrei a perna e estou parado a mais de 50 dias... e estou ficando louco,rs... que bom que superou o desconforto do refluxo.
Espero que se recupere, para não voltar mais esse desconforto.Você fez um excelente tempo nos 10km, parabéns!
Mais uma vez, boas melhoras e bons treinos.
Manda um twitter quando atualizar o blog.
Um grande abraço.
Marcelo
www.corramais.blogspot.com.br
Oi Dani
ResponderExcluirSabia q sentia sua falta pelo tt? Q triste saber disso e q otimo agora q está tudo superado. Saúde é coisa séria mesmo. Bem vindo às pistas e um grande abraço.
Oi Dani
ResponderExcluirSabia q sentia sua falta pelo tt? Q triste saber disso e q otimo agora q está tudo superado. Saúde é coisa séria mesmo. Bem vindo às pistas e um grande abraço.
Pôxa Dan, por isso que sumiu...espero que já esteja zero bala...seu cuida e fique bem..bjao
ResponderExcluir