Olá amigos, surpresas
não faltaram na VII etapa da Copa Paulista de Corridas de Montanha, realizada
na pequena cidade de Paraibuna. Prova inédita no calendário, isso foi sem
dúvidas, um atrativo que despertou o interesse daqueles que buscam novos
desafios. Havia dois tipos de distâncias: 12,9Km no percurso ‘longo’ e 5,8Km no
‘curto’. Nunca reparei nos gráficos de altimetria, sempre achei que o melhor
“termômetro” numa uma prova é a impressão do próprio atleta no momento em que
está encarando o obstáculo. Portanto, deixei as preocupações de lado e segui
normalmente com a minha rotina de treinos na academia Bodytech.
A retirada do kit no
primeiro dia (sexta-feira) ocorreu na loja Mundo Terra, unidade localizada no
bairro de Higienópolis. Fui recebido pela Juliana e pela Marilia, que estavam
encarregadas de entregar o kit para os atletas. Disposta na tradicional
sacolinha personalizada, uma bela camiseta na cor laranja, uma revista Outside,
número de peito, chip de cronometragem, granola, uma bananinha e folhetos dos
patrocinadores (inclusive um cartão de desconto nos produtos da loja Mundo
Terra). Uma pequena curiosidade: a bandeira da cidade de Paraibuna leva as
mesmas cores da bandeira do México, sendo que a única diferença é o brasão no
centro da bandeira.
Fui informado pela
corredora Roselaine Galicio que os hotéis em Paraibuna estavam todos lotados,
devido as obras de melhorias na cidade, os operários estavam hospedados para
tal finalidade. Com isso, o jeito foi pensar em um plano “B”, o que não foi
muito difícil, o atleta e grande amigo Jorge de Jesus me recepcionou em sua
casa na véspera, visando facilitar o deslocamento até o local da prova no
domingo pela manhã, juntamente com outro corredor, o Antônio, que
solidariamente nos ofereceu carona. Dessa forma, saímos de Mogi das Cruzes por
volta das 05h30min e em menos de duas horas já estávamos na fria Paraibuna.
Fria porque os termômetros deviam estar marcando menos de quinze graus.
A concentração da
prova ocorreu no estádio de futebol da cidade, mais precisamente na região do
gramado, onde estava instalado o pórtico de largada, além de tendas dos
patrocinadores e de algumas equipes de corridas. O locutor transmitia diversas
informações, dentre elas frisava que não haveria distribuição de água em copos
descartáveis, falou sobre a questão da largada, sendo que as 08h00min seriam os
atletas do percurso longo e cerca de vinte minutos depois seria liberado o
início da prova curta. O percurso podia ser compreendido como no formato do
“número oito”, pois aproximadamente no quilômetro quinto, os atletas passariam
próximos ao local da largada, dando prosseguimento para o lado oposto aos que
foram percorridos no início. Também notei a presença de uma ambulância, medida
imprescindível, em caso de algum atleta necessitar de cuidados imediatos
decorrentes de acidentes provenientes da prova.
Não havia muitos
atletas, somadas as duas distâncias, tivemos cerca de duzentos e trinta
“corajosos” a enfrentar aquele percurso até então desconhecido. A largada do
percurso longo ocorreu pontualmente as 08h00min, sendo o início pelas ruas da
cidade, despertando a curiosidade dos moradores. Logo de cara vi uma cena
curiosa: o corredor Felipe Vizioli correndo acompanhado com o “Jimmy Cliff”,
assim chamado o seu esbelto cão. Num determinado momento, o asfalto deu lugar
as famosas trilhas e estradas em terra batida, sendo percorridas em subidas.
Por ser logo no início, tais obstáculos não assustaram, até aquele instante os
atletas estavam encarando sem maiores dificuldades os aclives iniciais.
Dali
para frente, a prova assemelhou-se a outras etapas, tais como “Santo Antônio do
Pinhal” e “São Roque”, parecia que a soma dessas duas resultava no
“Frankenstein” chamado Paraibuna (risos). Eram subidas inusitadas, porém, ao
final delas, trechos em descida que servia como refresco aos atletas e também o
melhor momento para acelerar, na tentativa de reaver o tempo perdido nos
trechos em que a corrida deu espaço para uma inevitável caminhada. Ao
atingirmos o cume do Morro do Panorama, uma impressionante paisagem surgiu
diante de nós, com o céu absurdamente azulado, servindo com plano de fundo de
toda aquela magia envolta sob nuvens densamente concatenadas umas nas outras. A
neblina dava um ar de mistério e deixava o ambiente cada vez mais sinistro, apesar
da intensidade dos raios solares insistir em mostrar-nos o caminho que devíamos
seguir.
Os postos de água e
frutas estavam postados em locais de fácil visibilidade, facilitando em muito
aqueles que não haviam levado hidratação particular. Havia vários fotógrafos
espalhados pelo percurso, um deles o carismático Tião Moreira, notavelmente
conhecido no universo das corridas do país. A partir desse momento foi uma
espécie de “morro abaixo, morro acima”, o percurso teve diversas ondulações,
ora em pastos com gramado irregular, ora em trilhas sinuosas que mais pareciam
armadilhas, com profundidades variáveis. Os atletas mais lentos eram
solidários, davam passagem para os mais velozes, todos seguindo os preceitos da
camaradagem. Quando parecia que a prova estava chegando ao final, fomos
“presenteados” com a subida do Morro da Caixa D’Água, das ruas da cidade era
possível avistar (de muito longe) a fila de atletas subindo, como se fossem
“formiguinhas operárias” em direção ao pico daquele morro. Nesse momento encontrei
várias pessoas do percurso curto, que largaram a partir o quilômetro quinto
(fazendo a metade do “oito” – risos).
O
final foi eletrizante, imprimi um ritmo acelerado numa trilha recheada de
depressões e pedras escorregadias, tomei o máximo de cuidado para evitar
torções, pois uma pisada em falso poderia resultar em sérios problemas. A
chegada ocorreu no mesmo local da largada, com o locutor enaltecendo
nominalmente cada atleta que concluía a prova. Apesar de ter percebido a
ausência do locutor “maquininha”, o titular do microfone naquele dia não deixou
a desejar, mantendo empolgação e a sintonia com os concluintes daquele desafio.
Terminei a prova com o tempo de 1h25min, ficando na 29ª colocação geral, de um
total de 123 (cento e vinte e três) que se aventuraram no percurso longo. De
quebra, ainda belisquei um 3º lugar na categoria 18-29 anos, o que me rendeu o
segundo pódio consecutivo nas Corridas de Montanha.
A recepção foi a
melhor possível, com frutas a vontade para os atletas (banana, mexerica, maçã e
melancia), além de vários galões de isotônico a bel prazer. Troquei o chip de
cronometragem pela medalha (mais uma parte da composição da futura mandala), e
fui aguardar os resultados preliminares (até aquele momento não sabia do meu
resultado). Conversei com algumas pessoas que estavam ali, uma forma de
sociabilizar e escutar boas histórias, inclusive de atletas que já estavam
inscritos para as próximas corridas, desde a Corrida Noturna em Piquete
(25/08/12) até os mais ousados desafios, como a Maratona da Chapada da
Diamantina (13/10/12), todos organizados pelas Corridas de Montanha.
Foi
muito gratificante ter subido novamente ao pódio, mas mais do que isso, ter
sido testemunha presencial da estreia de Paraibuna no calendário da Copa
Paulista de Corridas de Montanha. Juntamente com um belo troféu, fui agraciado
com kit de “Bananinhas”, típico da região, que dividirei com minha família e
amigos.Dessa vez não utilizei o guarda-volumes, mesmo assim, correndo o risco
de não ser imparcial, arrisco a dizer que não houve problemas, pelo menos nada
que tenha causado estardalhaço. Espero que a prova permaneça no calendário para
2013, pois tenho certeza que tanto este artigo, como a impressão deixada por
todos que lá estiveram, servirá de base para que desperte o interesse de outros
atletas em participar.
Para
finalizar, não posso deixar de mencionar o corredor Antônio, conhecido como
“Toninho”, figura folclórica nas etapas que, apesar de não estar inscrito na
prova, fez a “sua” largada com quinze minutos de antecedência (07h45min) e
percorreu integralmente o percurso longo. Ele já havia realizado, nas mesmas
circunstâncias, tal feito na etapa em Paranapiacaba/SP (3ª etapa). Merece os
nossos aplausos e os devidos reconhecimentos, pois além de ser um grande ser
humano, faz o “impossível” para não ficar de fora de nenhuma etapa do circuito,
sempre prestigiando as Corridas de Montanha.
A
VIII etapa da Copa Paulista de Corridas de Montanha será realizada na cidade de
Piquete/SP que, além de ser no sábado (25/08/12), será noturna. Então, não
percam, pois emoções e desafios não faltarão! Até a próxima pessoal!
Dan, do seu relato, percebo o amor e o prazer q vc tem em correr, principalmente em provas desse tipo, onde vc encara os desafios do comeco ao fim! Parabens! W o visual eh sempre um diferencial e um presente para quem acompanha suas peripecias, rsrs, e.... agora, encarar as montanhas de Piquete a noite!!!! bj
ResponderExcluirdepois de ler seu relato me bateu uma saudade enorme de participar de uma corrida assim, este ano aninda não fiz nenhuma, mas no ano passado fiz varias, inclusive noturna...é apaixonante, desafiadora, superamos nossos limites....
ResponderExcluirOi Daniel,
ResponderExcluirParabéns por mais uma grande prova realizada! Corridas de Montanha exigem muito de um corredor, e a cada etapa você está provando que corre com muita consciência e sabe o que está fazendo. Tudo isso é fruto de sua vasta experiência na corrida. Os seus 11 anos de passadas te fornecem todo este repertório.
Adoro seus relatos! Parabéns por eles também!
Abraços,
Dani
http://correreminhavida.blogspot.com.br/