sábado, 4 de fevereiro de 2012

[RELATO] Copa Paulista de Corridas de Montanha - 1ª etapa - Mairiporã/SP

29/01/12 - 08h00

Olá amigos, uma semana após ter participado da difícil corrida rústica na cidade de Paraisópolis/MG (15,6Km), outro compromisso com presença confirmada: trata-se da abertura da Copa Paulista de Corridas de Montanha, cuja 1ª etapa aconteceu em Mairiporã, no último dia 29/01/12. Os dias transcorridos na semana serviram para recuperar a musculatura para essa prova, como não havia tempo hábil para uma preparação adequada, procurei cuidar da parte física. Na academia, apenas trabalhos leves, intercalando natação com bike indoor, tudo de maneira bem cautelosa. Todos sabem (ou pelo menos grande parte das pessoas) que não é recomendável participar de provas num curto espaço de tempo, ainda mais com o nível de dificuldade que foram as que eu completei, no entanto, procurei correr num ritmo que fosse o menos desgastante possível. Ter participado dessa prova em Mairiporã reservou muitos desafios que terei o enorme prazer em dividir com vocês nos próximos parágrafos.
Kit de participação (fonte: autor)
O processo de inscrição foi bem fácil e prático, acessei o site Corridas de Montanha, e em poucos minutos já estava de posse do boleto bancário no “salgado” valor de R$ 120,00. O próximo passo foi procurar na internet algum hotel ou pousada em que eu pudesse me hospedar. Por ser uma corrida com largada prevista para às 08h00, não queria correr o risco desnecessário de chegar atrasado. E também não seria nenhum problema ir na véspera, seria uma boa oportunidade para conhecer Mairiporã, que apesar de ser perto de São Paulo, nunca havia passeado por lá. Encontrei a pousada “Casarão”, que ficava no centro da cidade e num local de fácil acesso ao que seria usado pela organização do evento para a montagem da estrutura da corrida. Esse planejamento foi feito na segunda semana de janeiro, portanto, tal antecedência foi importante para traçar o direcionamento dos treinos.
Banner oficial do evento (fonte: autor)
Pórtico de largada/chegada (fonte: autor)
Na manhã do sábado, véspera da prova, fui cedo à academia bodytech pedalar um pouco (10Km), saindo de lá, fui até a loja Mundo Terra, retirar o kit de participação. Não peguei filas, no kit veio a camiseta da prova, número de peito personalizado com o nome, uma caneca, revista, um pacote pequeno de granola, além das costumeiras propagandas de lojas esportivas. Um artigo do regulamento da prova causou muita discussão (e confusão) entre os corredores: a não distribuição de água pelo percurso. Da maneira como eu escrevi dá a impressão de que não seria disponibilizada hidratação no percurso, não é? Na verdade, haveria dois postos de hidratação no percurso, porém, apenas na forma de bebedouro estilo “eterny”, sem copos descartáveis, ato justificado pela organização para preservar o meio ambiente, visto que dependendo onde os copos são jogados após o consumo, ficaria inviável o recolhimento pelos staffs. Por isso a idéia da “canequinha”, ou seja, cada um ficaria responsável por levar o seu próprio copo ou algo similar.
Com a minha amiga Lilian momentos antes da largada (fonte: autor)
Início da jornada (fonte: autor)
No Terminal Rodoviário do Tiete, por volta das 18h00, peguei o ônibus intermunicipal para o deslocamento até Mairiporã, cujo trajeto levaria menos de quarenta minutos. Agradeço a minha amiga Solange por ter feito a pesquisa dos ônibus, me deu várias opções de escolha. Sendo assim, cheguei a Mairiporã ainda com sob a luz natural, com bastante facilidade encontrei a pousada (que era pequena, simples e bem confortável). Ainda fui até a padaria mais próxima e comprei um pacote de batata Rufles, uma garrafa de água e uma cartela de brigadeiro (devia ter uns vinte – risos). Era o suficiente para aquela noite e assim esperar o domingo chegar. Antes de dormir, ainda assisti o filme “Tróia” que estava passando no SBT.
Primeiros quilômetros (fonte: autor)
Trilha em mata fechada (fonte: autor)
Já no domingo pela amanhã, acordei por volta das 06h15 e fui tomar café. Para minha surpresa (muita surpresa mesmo!) encontrei na pousada a minha amiga Lilian, que viera diretamente de Goiânia (pasmem, foram nove horas de viagem de carro!). Conheci a Lilian em 2008 dentro do avião momentos antes de decolar para Buenos Aires. Mantivemos o contato via redes sociais até então, criando uma boa amizade à distância. Ela estava acompanhada com o seu amigo, realmente vir de Goiás de carro era digno de reconhecimento. A exemplo da boa experiência obtida em Paraisópolis/MG resolvi correr novamente com a câmera fotográfica. O dia amanheceu com a promessa de calor e com remota possibilidade de chuva. Fui para a concentração pré-largada e quando cheguei o local estava bem movimentado de corredores e familiares. Por uma questão de oportunidade e sorte, consegui uma massagem grátis, estava passando pelos meandros da concentração do evento quando vi os massagistas e como estava vazio, perguntei se já estava funcionando, tão logo recebi a resposta positiva, não perdi a oportunidade.
Posto de hidratação (fonte: autor)
Estrada de terra (fonte: autor)
A largada atrasou uns dez minutos, nesse ínterim fomos informados pelo locutor que o percurso da prova havia sido modificado para ganhar um teor mais “técnico” em alguns pontos, com isso, dos iniciais 12Km, tivemos um acréscimo de 1,7Km (devo salientar que nessa alteração, originalmente haveria quatro quilômetros em descidas, com as mudanças, três quilômetros de tais declínios foram “transformados” em subidas – risos). Já na largada encontrei algumas subidas, como estava com todo gás, não me preocupei e segui em frente sem pestanejar muito (apesar de ter parado em alguns momentos para fotografar). Antes de completar um quilômetro, já percorria por uma rua de terra. Não demorou muito até surgir a primeira trilha de mata fechada, cujo início se deu por uma subida íngreme, onde era impossível correr, não restou outra alternativa senão uma fila indiana. Foi o primeiro de vários obstáculos que estavam por vir. Logo em seguida, o momento em que causou maior “trânsito” na prova, uma subida ao melhor estilo “barranco”, de aproximadamente oito metros, mas o suficiente para frear todo mundo. Um membro do staff estava auxiliando alguns corredores que “travaram” no barranco, cuja demora fazia a fila só aumentar. Nesse momento encontrei a minha amiga Simone Fukuji, que estava curtindo tudo aquilo. Inclusive filmei e vocês poderão conferir neste relato.
Estrada de terra (fonte: autor)
 Subida pela Trilha do Urubu (fonte: autor)
Vencido o barranco, segui em frente por uma trilha sinuosa, cercada de muita neblina (confesso que fiquei imaginando como seria aquele lugar durante a noite). O final dessa trilha foi perto do quinto quilômetro, ao final dela, havia o primeiro posto de hidratação (água e melancia). Segui por uma estrada de terra por alguns bons quilômetros até me aproximar da trilha que dava acesso ao “Pico do olho d’ água”, logo de cara notei que seria uma verdadeira escalada até o topo. O cenário era magnífico, apesar de o dia estar nublado, foi possível tirar boas fotografias. Nesses momentos de “caminhada” em fila indiana, tive a oportunidade de conversar com corredores e saber das impressões sobre a prova, todos gostando muito daquele desafio. Quando finalmente encontrei o topo, havia o segundo posto de hidratação e também os fotógrafos oficiais do evento. Naquele momento encontrei os corredores que estavam participando da distância menor, que variava de 5 à 9Km (não entendi muito bem sobre a distância dessa modalidade). Iniciei o processo de descida, impossível saber se naquele momento seria mais fácil ou mais trabalhoso. O fato foi que aumentei o ritmo, já que a minha musculatura respondia muito bem, entretanto, todo cuidado era pouco, o menor descuido podia me levar a quedas.
Daqui é possível observar a estrada de terra (fonte: autor)
Trilha muito íngreme (fonte: autor)
Já próximo do final, eu estava comemorando o fato de não ter sido necessário “enfiar os pés na lama” (de forma literal), eis que bem perto de concluir a última trilha em descida, havia um cano d’água estourado, o que fez todos ali saírem com os tênis e pernas totalmente enlameados. Depois disso, saímos das trilhas para encontrar o solo de pedra, com pequenas subidas e descidas, até entrarmos na cidade novamente. Lembrando que por volta do Km 10 corremos pelos mesmos trechos percorridos no início. Nesse instante, pude perceber um sol radiante e livre de nuvens, elevando e muito a temperatura. Cruzei a linha de chegada com 1h42min (olhando apenas o tempo, parece que corri feito uma tartaruga, mas só quem correu ali para saber do nível de dificuldade do percurso). Fiquei na 88ª colocação Geral, sendo que a frente de 174 corredores (incluindo o feminino). Estou frustrado com a faixa etária, pois neste ano a organização unificou as faixas “16-19”, 20-24 e 25-29 anos respectivamente, criando a faixa única de 18-29 anos. Com isso aumentou a concorrência e eu fiquei muito para trás. Espero que a organização do evento reveja isso, já que torna muito desigual a categoria.
Vista da metade da trilha (fonte: autor)
Subindo pela Trilha do Urubu (fonte: autor)
Ao final encontrei o meu grande amigo Jorge de Jesus, que mesmo machucado, fez um ótimo tempo e ganhou troféu na categoria 45-49 anos, além da Lilian, da Simone e demais conhecidos. Uma bela medalha, acompanhado de uma mesa de frutas e isotônico a vontade. Não esperei para ver os resultados finais e nem o pódio, retornei à pousada, tomei um banho e fui à rodoviária. Quando cheguei, um ônibus com destino a São Paulo (Praça Princesa Isabel) estava prestes a sair, não titubeei e antes das 13h00 já estava a caminho de casa. Posso resumir o meu final de semana de maneira satisfatória, pude correr uma prova com diversos atrativos, onde consegui superar todos os obstáculos. Um fator motivador é que neste ano as medalhas são em “pedaços”, para ser formada ao final de todas as etapas uma mandala (fórmula utilizada há muitos anos no Circuito das Estações). Vale lembrar que a Copa Paulista de Corridas de Montanha compreende onze etapas, portanto, será um longo caminho a ser percorrido até o final do ano. Farei o possível para estar presente na maioria das etapas.
Minha amiga Simone e eu após a corrida (fonte: autor)
Eu e o meu amigo Jorge após a corrida (fonte: autor)
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Abaixo vídeos de alguns momentos da prova feitos por mim:

Barranco no 2º Km



Trilha entre os quilômetros 3 e 4:



Subindo a Trilha do Urubu



A 2ª etapa da Copa Paulista de Corridas de Montanha será em São Sebastião, no dia 26/02/12. Já confirmei a minha inscrição, portanto, darei continuidade ao processo de fortalecimento muscular e me prepararei para mais esse desafio. Até a próxima!!!

6 comentários:

  1. Oi Daniel,
    Parabéns por mais uma e por ultrapassar por todas dificuldades que este tipo de prova impõe sobre os corredores.
    Adorei o post e principalmente o vídeo que você filma a trilha e só ouvimos o som da sua respiração, muito bom!!!
    Um grande abraço e bons treinos!

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  2. Aí sim!! Cara, é engraçada a sensação. Quando vi o vídeo do barranco, achei que não era pra tanto, parecia muito pior ao vivo... rs... só quem tava lá pra saber. É aquela história, nenhuma foto, por mais linda que seja, substitui a beleza do lugar ao vivo. Da mesma forma, nenhuma foto (ou filme), por melhor que seja, substitui o tamanho da encrenca ao vivo. Parabéns pelas fotos e vídeos, tem lugar ali que só de olhar pro lado eu já caí, tropecei (a trilha do pico), e você conseguiu filmar!!

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  3. Dan, antes de encarar essa prova/aventura, vc só comeu 20 brigadeiros????? Q. máximo!!! Parabéns por mais uma etapa concluída, pelo belo relato e principalmente pelas maravilhosas fotos e vídeos, assim podemos ter uma vaga, remota ideia da dificuldade que vcs encontraram!!!! Ah!Vc esqueceu de mencionar, mas eu não pude resistir....ganhou sacolinha reutilizável, ehhhhh!!!rs, bjs

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  4. Menino, vc arrasou, pelas fotos a prova é de dar água na boca e coceira nos pés! vai em frente!

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  5. Afff, não sei como vc consegue filmar, tirar fotos e ainda, correr nesta pirambeira! Eu nos eu lugar, já teria escorregado, rolado morro abaixo e voltado para a estaca zero, tendo que começar tudo de novo! Kkkkkk. Parabéns pela disposição!

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  6. Daniel pelo que eu li aqui no seu relato no seu blog e pelo vídeo deu para perceber que esta prova são para grandes corredores como vcs que participaram realmente foi punk, parabén pelo detalhadissimo relato, fotos e vídeos se algum dia eu vier correr esta etapa pegarei mais dicas com vc.

    Bons treinos,

    Jorge Cerqueira
    www.jmaratona.com

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