domingo, 6 de março de 2011

[RELATO] A desafiadora corrida em Paraisópolis/MG


Uma semana depois de participar dos 10Km da Corrida do Sesc Santo Amaro, arrumei minhas malas para correr em outro estado. O destino foi o sul de Minas Gerais, na pequena cidade de Paraisópolis, que ocorreu em 23/01/11. Imprevistos não faltaram para esse evento, que contarei a partir de agora.

Localização de Paraisópolis/MG - Fonte: Google Maps

Geralmente minhas viagens ou mini-viagens são programadas com certa antecedência, desde a reserva do hotel até a passagem de ida e volta. Acontece que até a primeira quinzena de janeiro não tive notícias da realização dessa prova ou simplesmente procurei em todos os sites exceto o da Corpus Eventos (organizadora do evento). Fiquei contente quando descobri que haveria a edição 2011 dos 15Km do Aniversário da Cidade de Paraisópolis. Após fazer a inscrição via internet, imprimi o boleto e confirmei o pagamento. Feito isso telefonei para o hotel em que havia me hospedado no ano anterior (seria a minha segunda participação nessa corrida), e para minha surpresa não havia mais vagas. Fiz contato com pousadas e obtive a mesma resposta, fiquei frustrado, pois havia me esquecido por completo que Paraisópolis estaria recebendo a chegada da Ultramaratona BR135 (217Km) cuja largada havia sido na sexta-feira.

Igreja Matriz

O dilema de ir ou não ir se arrastou até o sábado pela manhã, quando telefonei para uma pousada e “comovida” com a minha situação a recepcionista da Pousada da Praça me disse: “pode vir, daremos um jeito, mas na rua você não fica”. Com isso já estava bem mais tranqüilo e confiante em participar da prova. Peguei o ônibus pontualmente as 14h30 no terminal rodoviário do Tietê. O percurso foi tranqüilo, passei por várias cidades, entre elas São José dos Campos, Santo Antonio do Pinhal, São Bento do Sapucaí, até finalmente chegar em Paraisópolis. No ônibus conheci um senhor chamado Durval, uma japonês gente boa que também iria participar da prova. Ele me contou ótimas histórias de corridas, sendo que só em 2010 havia participado de 59 provas. Para minha surpresa ele também não tinha reserva em hotel e me disse que lá procuraria algo. Prontamente o adiantei que não tinha lugares, mas que em conversa com pessoas do lugar, elas certamente dariam um jeito. Pronto, além da minha hospedagem agora tinha outra para administrar (risos).


Praça em que concentrou o evento

Chegando a Paraisópolis, antes da noite, fomos direto para a Pousada da Praça. Chegando lá, a recepcionista disse que quando a pousada está cheia, ela consegue vagas numa casa próxima dali, que “acolhe” os hóspedes em dias como aquele. Uma senhora e a sua pequena neta nos receberam em sua casa que naquele final de semana serviu de anexo A à Pousada da Praça (risos). Fiquei num excelente quarto, numa casa muito confortável, cuja opção foi melhor que a do hotel. Poucas vezes em que o imprevisto acaba saindo melhor que o programado. Após nos instalarmos, o Durval e eu fomos procurar algo para comer, não tivemos muitas opções senão um cachorro quente especial do local.


Chegada do treinador e ultramaratonista Emerson Bisan

Falando em Ultramaratona, o meu treinador Emerson Bisan estava encarando esse desafio e segundo os cálculos dele e da família que estava presente, a chegada seria entre meia noite e duas horas da manhã de domingo. Voltei para a “pousada”, dormi um pouco e acordei próximo do horário estipulado para esperá-lo. Estava uma temperatura muito agradável naquela noite/madrugada. Com pouco mais de 42 horas, finalmente o Emerson, juntamente com os corredores de apoio, são avistados na entrada da cidade, foi um momento incrível, pois todos estavam ali para recepcioná-lo. Foi uma tremenda festa, com direito a “coroa” entregue pelas suas filhinhas! Aqui fica os meus parabéns, afinal, correr 217Km pelas montanhas do sul de Minas Gerais é algo para poucos!

Homenagem ao Emerson Bisan

Precisava dormir, então voltei para a pousada, afinal, pela manhã seria minha vez, apesar de ser uma prova sem comparação com a ultra, tinha lá o seu grau de dificuldade. Acordei pontualmente às 07:00h e havia um mega café da manhã nos esperando: a senhora dona da casa é especialista em pães e havia uma variedade deles. Fiquei mesmo só no mamão e em seguida fui para o local da retirada do kit. O dia prometia um sol daqueles de “fever o cérebro”, de tão calor que estava (e olha que faltava mais de uma hora para a largada). Encontrei o conhecido Fábio Namiuti, dono do competente site/blog Arquivos de Corridas e o famoso Zebra, que domina as provas do interior de São Paulo.

Antes da prova...

Antes da largada oficial houve uma prova infantil de 300 metros, isso causou um atraso de 20 minutos na prova. Juntamente com os quase cem atletas larguei às 09:20h, com um calor latente e que incomodava muito. O grande atrativo da prova estava guardado no percurso, onde boa parte dele é percorrido em estradas de zona rural (terra batida e dura). Estava muito seco, a temperatura subia a cada quilômetro, corri sem o auxílio de garrafas, pois o que pode ser um benefício no início se torna um peso desconfortável no final. Resumindo, os primeiros 2 quilômetros são pela rodovia que dá acesso à cidade, daí entramos numa estrada de terra e a percorremos pelos próximos oito quilômetros. O final é mais tortuoso: de volta à rodovia, só que numa subida interminável, onde o asfalto “derretia” nos pés dos atletas. Confesso quer caminhei por uns dois minutos, para recobrar o fôlego e reunir energias suficientes para finalizar a prova. Isso não me atrapalhou, pois além de não ter sido o único a dar essa pequena “pausa”, não fui ultrapassado nesse período. É uma prova difícil, aliada à alta temperatura, com um percurso tortuoso e ao mesmo tempo excelente para aqueles que buscam adquirir resistência. Não tiro ela do meu calendário em detrimento a esses fatores citados (adoro agravantes referentes a percurso/temperatura).

Eu, o Zebra e o Durval

A chegada foi no mesmo local da largada, finalizei em 1:12:36 (43 segundos acima em relação ao ano passado, com o diferencial que fiquei numa colocação melhor com este tempo, o que prova que a dificuldade do calor afetou a todos e eu consegui ir “melhor” no percurso mesmo com um tempo acima neste ano). Não fiz cerimônia, após pegar minha medalha fui tomar um caprichado açaí, o que atenuou um pouco a fome que eu estava. Poucos minutos depois o Durval completou a prova e disse que retornará no próximo ano, pois adorou o visual da corrida. Foi uma pena eu não ter corrido com câmera, no próximo ano farei a cobertura dessa prova com fotos no percurso, tenho certeza que atrairá mais pessoas para o evento.

Eu, o Duval e o Fabio Namiuti

No caminho encontrei o Emerson Bisan, que estava na praça conferindo o resultado oficial da Ultramaratona BR135 e tirando fotos com a galera. A partida do ônibus estava prevista para as 12h30 e, pontualmente deixei a pequena cidade de Paraisópolis com a sensação de dever cumprido, mas com a meta de tentar correr os 15Km sub 1h10 no próximo ano. Digo isso porquê entre 1h07 à 1h10 são quase 35 atletas, ou seja, um terço dos participantes.

Emerson Bisan e eu na tenda da BR135

Para finalizar, não tenho críticas contundentes a fazer sobre a prova, apenas não gostei de não estar gravado na medalha a data da prova, pois se trata de ser idêntica a do ano passado. O atraso da largada de uma prova que começa às 09:00h é outro ponto que torna a corrida muito mais difícil. Os postos de hidratação estavam bem sinalizados e com o forte calor, casos de água “quente” são desculpados. O percurso foi bem sinalizado e as frutas no final foram bem vindas. Camiseta regata tradicional do evento e a rapidez na divulgação dos resultados (dia seguinte) foram outros pontos altos da organização. Parabéns aos moradores da cidade, o clima estava o melhor possível. Farei de tudo para estar novamente em 2012.

O açaí pós-prova

Mais uma coisa: quer começar bem essa prova? Coloque a música abaixo no momento da largada.

PRÓXIMO RELATO: 10Km Aniversário da Cidade de São Paulo

4 comentários:

  1. Oi, Danile! Correr no calor é sempre muito mais difícil... só consigo acelerar no frio! Rsrsrs. Parabéns pela prova! Que legal vc ter encontrado amigos!

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  2. Oi Daniel, parabéns por mais este post. Com os detalhes que você comenta parece que a gente consegue até visualizar a prova. Você escreve muito bem!
    Parabéns por seu resultado, foi excelente!

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  3. Bacana Dani...
    Acho incrível correr... admiro demais!
    Parabéns.

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  4. Demorou, mas saiu! Parabéns pela prova e pelo relato, Daniel. Essa foi pedreira, mas você mandou muito. Satisfação em tê-lo reencontrado por lá e conhecido também o Durval. Valeu pela citação e pela foto no blog. Um abraço e até as próximas corridas!

    Fábio

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