sexta-feira, 21 de março de 2014

Maratona de Barcelona

É com grande satisfação que venho compartilhar um dos momentos mais incríveis que vivi nos últimos anos: participar da Maratona de Barcelona. Tentarei reunir os principais pontos, sem deixar a leitura cansativa e monótona. A ideia de correr uma maratona no exterior surgiu no final do ano passado, quando planejava o que fazer nas férias de março. Após algumas pesquisas, surgiram duas boas opções: Maratona de Barcelona (16/03) e Maratona de Roma (23/03). Optei pela Espanha porque era um país que ainda não conhecia, enquanto que a Itália fez parte da minha rota em 2010, quando corri na Maratona de Florença. Por incrível que pareça, as inscrições para a Maratona de Barcelona não tem a mesma procura que outras maratonas pelo mundo, tanto é que a poucas semanas antes do evento, era possível garantir presença.

Plaça D' Espanya - local de largada/chegada da maratona
A retirada do kit de participação aconteceu na Expo Sports, feira esportiva onde muitas empresas apresentaram os mais diversos produtos, desde roupas, tênis, inovações tecnológicas, dicas de suplementos, além informações sobre nutrição, fisiologia e testes gratuitos. O evento contou também com a divulgação de outras maratonas pelo mundo, onde os representantes desses países tentavam convencer os atletas a participar desses eventos. Uma coisa eu garanto: uma maratona mais atraente que a outra. Apesar de ser quase vinte mil inscritos (e dois dias para a retirada do kit), não enfrentei fila, algo que merece ser enaltecido. Aproveitei e garanti a minha participação na “Breakfest Run”, corrida festiva de 4,195Km que acontece na véspera em homenagem aos Jogos Olímpicos de Barcelona (1992) e que é limitado a duas mil pessoas. No mesmo dia, ainda teve o tradicional almoço de massa, gratuito a todos os inscritos.

Expo Sports
Já no domingo, a concentração do evento aconteceu em frente a “Plaça de Espanya”, ostentada por duas grandes torres medievais, tendo o Palácio Nacional como pano de fundo, cercado por suas magníficas fontes e longas escadarias. Um verdadeiro cartão-postal ou sendo mais efusivo nas palavras, um “museu a céu aberto”. O hotel em que fiquei hospedado (HCC Lugano) está localizado a cerca de quinhentos metros da “Avenida Reina Maria Cristina”, portanto, não precisei utilizar o guarda-volumes, tampouco me preocupar com horário. Prevista para começar as 08h30 (horário local), sai do hotel exatamente as 08h10. A temperatura apresentava agradáveis 23 graus, cuja previsão poderia atingir vinte e cinco nas horas seguintes. Quando fiz a inscrição, coloquei que pretendia terminar entre 3h30 e 3h45, por conta disso, fui posicionado a largar na baia de cor verde.

Kit de participação
Foi aí que surgiu uma cena sensacional: cada baia teve um “momento largada” próprio. Por exemplo, a minha frente estavam os setores vermelho e azul, quando o locutor anunciava que seria a vez do setor azul, chuvas de papel picado na cor correspondente inundava o ambiente, colocando aqueles atletas como foco principal do evento, foi emocionante de ver. Quando a cor verde ocupou o centro das atenções, começou a tocar a música “EuropeThe Final Countdown(foi uma sensação indescritível, literalmente de arrepiar!). Uma mistura de sentimentos ocupou os meus pensamentos, só estando na “pele” para saber exatamente o que foi tudo aquilo. Não vou me recordar os nomes das ruas e avenidas, por isso postarei um vídeo que mostra tudo de maneira prática, melhor do que eu ficar tentando descrever (imagens que falam por si só). A cidade parou para ver os atletas correrem, o público era maciço em praticamente todos os pontos do percurso.


Não percebi a presença de brasileiros enquanto corria, havia pessoas de todos os lugares possíveis, era o mundo sendo representado naquelas ruas. O percurso, quase todo plano, facilitou a vida de muita gente (inclusive a minha), os postos de hidratação atuaram de maneira impecável. No início serviam água e powerade, após os dez quilômetros iniciais, passaram a oferecer frutas (pedaços de laranja sem semente, melancia e banana), além de gel carboidrato e amendoim. Muito legal ver a família de alguns corredores pelo caminho, muitos deles paravam e abraçavam todos, para assim, seguirem adiante. A sinalização foi extremamente eficaz, em nenhum momento fiquei “perdido” sem saber em qual quilômetro estava. Nem preciso falar das condições das ruas, o asfalto beirava a perfeição, podia correr de olhos vendados que mesmo assim o risco de sofrer algum acidente era mínimo.

Já no final da prova (em frente ao hotel HCC Lugano)
Além do público, havia algumas bandas pelo caminho, a maioria delas tocando o bom e velho rock 'n roll, além de grupos de batuque (não sei são chamados assim), agitando ainda mais o ambiente. Era difícil distinguir os fotógrafos, pois muita gente portava câmeras semi-profissionais, o que me confundia na hora de olhar para a câmera certa. A partir do Km 30 as coisas ficaram mais difíceis, as pernas pesadas (me arrependo até agora de não ter feito treinos acima de 25Km) e o cansaço passaram a ter um papel de destaque, tentei não pensar muito nisso e seguir, procurava sempre uma pessoa num ritmo razoável e acompanhar, tentando esquecer “os problemas”. O final, pela “Avenida Paralela”, foi muito prazeroso, pois ao término dessa avenida, o tão almejado fechamento da maratona. Passei em frente ao meu hotel (era prazeroso saber que em poucos minutos estaria em meu quarto).

Pós-prova: retirada de chip para receber a medalha

Finalizei os 42,195 Km com o tempo de 3h47min22seg, a minha 8ª maratona, a primeira abaixo das 4 horas. Isso tudo me deixou por alguns segundos muito emocionado, agradeci em pensamento a todos que me apoiaram, aos meus familiares que tanto torceram (apesar de sempre ficarem com o “coração na mão” quando viajo), aos meus amigos que, direta ou indiretamente estão comigo. Recebi uma belíssima medalha, além de uma garrafa de Powerade. Uma mesa com frutas a bel prazer (similar aos eventos da Track&Field) a disposição dos atletas. As pernas estavam pesadas, estava anestesiado de tanto cansaço. Ainda sim, fui ao hotel buscar a câmera para registrar aqueles momentos. Após retornar, definitivamente, ao hotel, os resultados já estavam disponíveis na internet.



Pensam que eu descansei o resto do domingo? Nada disso, ainda tinha o jogo do Barcelona para assistir, conforme a foto abaixo (risos). Acho que tudo deu certo naquele dia, pois o Barça ganhou por 7x0 (fora o espetáculo). Deixando um pouco a modéstia de lado, correr uma maratona na europa e depois assistir a um jogo do Barcelona (um dos melhores times do mundo), realmente é surreal!!

No estádio Camp Nou
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Já estão abertas as inscrições para a edição 2015!


Até a próxima!

5 comentários:

  1. Excelente seu relato! Conheço Barcelona, mas não com os olhos e a sensação de um corredor. Vou estrear em maratonas este ano no Rio e me preparando para, quem sabe, correr NY também. Alguma dica? Vc já correu esta prova. Já estive nesta cidade tb, mas não com a temperatura que me espera lá em 02/11/2014. Se puder me passar, qq dica será bem vinda.. Parabéns mais uma vez!! Vou te mandar esta mensagem in box no FB tb. Vlw e obrigado.

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  2. Que prova incrível Daniel. Parabéns pelo sub-4h... foi show!

    Muito bom reunir a paixão de correr com o turismo... e de quebra assistir a uma goleada do Barça, rs...

    Bons treinos campeão... e parabéns pelo seu Recorde Pessoal Mundial na maratona.

    Abraços.

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  3. Que bacana! !!! Adorei as observações, os comentários e a sua determinação, além do excelente tempo na Maratona! Parabéns! !!!!

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  4. Oi, Daniel
    Como foi a hidratação da prova? Já fiz Paris e Berlim e achei bem ruim, copo aberto, pessoas paradas no local, bem cheio e complicado. Barcelona também era assim?? Obrigada! Thais

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    1. Olá Thais!

      Agradeço a visita em meu blog. A hidratação foi servida em garrafinhas, bem prático e sem tumulto, pelo menos assim foi no instante em que eu passei (sabemos que em muitos lugares a coisa vai piorando para quem corre mais devagar). Acho copo aberto ruim, pois imagine alguém se debruçando para pegar essa água, o quanto de suor que invariavelmente pode cair nos outros copos? Fiz Paris em 2010, sofri mais com a cerveja no final (fui inventar de tomar no Km 36 quase estraguei minha prova - risos). Um abraço!

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