segunda-feira, 15 de outubro de 2012

20ª Maratona Pão de Açúcar de Revezamento

Voltando no tempo...

Olá amigos, tenho um carinho especial por essa prova, visto que foi nela, no “longínquo” ano de 2001, que participei pela primeira vez de uma corrida de rua. Lembro que foi na 9ª edição da Maratona Pão de Açúcar de Revezamento onde tudo começou, época em que eu tinha 16 anos de idade. Hoje olho para trás e vejo com orgulho todos os desafios que venci ao longo dos anos. Pode soar meio nostálgico, mas não posso deixar de citar o meu professor de Educação Física do Ensino Médio (antigamente chamado de colegial), foi a partir do incentivo dele, nas aulas que lecionava, que conheci e passei a praticar esse esporte agregador e de possibilidades inesgotáveis. O professor Renato, assim chamado, fugia à regra da maioria dos professores da matéria daquele tempo, em vez de “dar uma bola de futebol” para que os alunos jogassem “pela janela” os preciosos quarenta e cinco minutos, suas aulas eram pautadas com conteúdos educativos, sempre minando a conscientização dos problemas que os alunos enfrentariam em várias searas da vida caso não recebessem a devida orientação. É o que eu classifico como o “papel da escola na vida do aluno”. Éramos todos adolescentes, nem sempre absorvíamos as informações com a mesma tenacidade e o amadurecimento de agora, de qualquer forma, acredito piamente que os ensinamentos dele a respeito da importância da prática esportiva permaneceram intactos em mim desde o momento em que coloquei o primeiro chip de cronometragem no cadarço.

Abaixo um vídeo que encontrei por acaso na internet, datado deste ano, onde o professor Renato concede uma entrevista:


As aulas do professor Renato se baseavam na meritocracia por meio da consecução de determinados objetivos: havia uma trilha de aproximadamente 600 metros na escola onde eu estudava (escola pública estadual), lá os alunos tinham que percorrer essa trilha e a cada volta completada o professor Renato fornecia um “tazo” (aquele do salgadinho), como forma de controlar o número de voltas de cada aluno. Ao final da aula somavam-se os tazos e com uma tabela de distâncias (elaborada por ele) era possível estabelecer o rendimento do aluno nas aulas e consequentemente as notas. Havia outras aulas que também eram desenvolvidas para o melhor aproveitamento do aluno, no entanto, suas aulas tiveram um papel preponderante, que contribuiu de forma singular para o desenvolvimento e amadurecimento da minha personalidade. Quando surgiu a ideia de participar de uma corrida fora daquele ambiente escolar, vários questionamentos passaram pela minha cabeça, o principal deles: será que eu aguento correr 5Km? Lembro também que foi a minha mãe quem me deu dinheiro para pagar a inscrição, e que uma vez inscrito, não podia mais voltar atrás.
A minha 1ª medalha (2001)
Naquela época a prova ainda era disputada na região do Parque Villa Lobos, fui inscrito numa equipe de 8 (oito) pessoas, todos meus colegas de escola, e na distribuição do revezamento, fiquei encarregado de ser o 2º atleta da equipe. Quando recebi a munhequeira do atleta número 1, saí em disparada, como se estivesse dando um tiro de 50 metros, o meu coração foi “à boca” em questão de segundos, o que me fez caminhar por um longo tempo até recobrar as condições para correr. Quando completei o meu trecho mediante a entrega da pulseira do revezamento ao corredor seguinte, o meu semblante era um misto de emoção e alívio, foi a partir desse momento que estava descobrindo uma nova etapa na minha vida. Desde então, passei a participar das provas ininterruptamente, o que já soma exatos 11 anos e um total de 189 corridas (variando de  5Km até 42Km). Este blog é jovem, tem apenas três anos, porém, as minhas histórias remontam de 2001, e posso garantir que tenho ótimas experiências para compartilhar.

N.B. A escola em que estudei no ensino médio se chama “E.E. Prof. Antonio Francisco Redondo”, já faz alguns anos desde que o professor Renato transferiu-se para outra escola.

De volta aos dias atuais pelo “buraco de minhoca”

A 20ª edição da Maratona Pão de Açúcar de Revezamento estava programada para o dia 16/09/12, na região do Parque do Ibirapuera e arredores. Os meus treinos seguiram normalmente na academia Bodytech, alternando os dias em que praticava natação, musculação e corrida ao ar livre. Fui inscrito pelos amigos do trabalho numa equipe de quatro atletas, para fazer a largada, portanto, já estava condicionado pelos poucos mais de onze quilômetros que iria fazer (o atleta que larga faz o trecho mais longo e o que finaliza percorre o mais curto, tudo isso para atender a logística da organização do evento). A Maratona PAC é tida como o evento que envolve o maior número de atletas englobando a América Latina. A expectativa esperada para 2012 era a participação de 36 (trinta e seis) mil atletas (e isso se confirmou).
Kit de participação
Sobre o kit de participação, que foi gentilmente retirado pela Risocleide, amiga de trabalho, cujo papel foi de grande influência na obtenção da gratuidade da inscrição de toda a equipe. Disposto numa pequena bolsa de treino, dentro dela uma belíssima camiseta na cor preta, número de peito, chip de cronometragem descartável, isotônico Taeq, energético e um livrinho com orientações sobre o evento. A largada estava prevista para acontecer as 07h00min, para as três modalidades envolvidas (2, 4 e 8 atletas). Quando cheguei, ainda no estacionamento da Assembleia Legislativa, o meu amigo Jorge perguntou se eu poderia correr um outro trecho de 10Km, aquiesci na hora, apesar de que seria um ato de muita responsabilidade. O dia amanheceu tremendamente abafado e a ausência e uma única nuvem no céu era o sinal mais que reluzente de que o dia prometia um calor insano. Já nos momentos antes da largada, o sol castigava a concentração dos atletas, apesar de ser o estágio mais ameno do sol.

Tiago "Stallone" e eu antes da largada
Durante a prova
Fiz a primeira “perna” do revezamento em caprichados 51 minutos (11,2Km). Mas percebi que a temperatura já havia extenuado boa parte da minha condição física. Procurei uma sombra para descansar, talvez um cochilo (risos), assim poderia recuperar-me um pouco e assim ter condições para encarar a segunda “perna” da prova. O calor realmente foi o personagem principal daquela manhã, a sensação ambiente passava dos 35ºC e a cada minuto que passava o corpo mostrava mais fragilidade. Por mais que pensemos em correr de forma confortável em eventos de revezamento, por trata-se de uma prova com plenamente amistosa (em seu caráter mais genuíno), sempre nos empolgamos ao ver alguém correndo mais rápido (mesmo sem saber se a modalidade de tal indivíduo é mais curta ou não) e imitamos sem qualquer tipo de precaução.

Julião, Tiago e eu
Domingo beirava os 35ºC
Passava das 10h30min quando novamente chegou a minha hora de entrar em cena e correr para encerrar o revezamento. Recebi a munhequeira do meu amigo Jorge e segui para a “fornalha”. Notei que a temperatura havia afetado centenas de atletas, muitos caminhavam, rendiam-se a subida da Avenida Rubem Berta, aquela altura não era demérito algum caminhar, por ser uma prova festiva, uma parcela razoável das pessoas não estão acostumadas a correr naquelas condições, acabam indo mais pelo prazer de poder confraternizar com os amigos, oportunidade que o evento proporciona. Não posso reclamar dos postos de hidratação, pois com aquele calor insano, havia muita água gelada, resposta imediata aos reflexos causados pela temperatura.

Calor...
Pós-prova
Optei pela tática da tartaruguinha, em que o “devagar e sempre” é o mais garantido em momentos como aquele. De qualquer forma, eu não poderia fazer mais, estava visivelmente “abatido”, e a cada quilômetro vencido, um sussurro de alívio. Terminei os pesados 9,8Km em 56 minutos, encerrando o revezamento parecendo um sobrevivente de guerra após ser bombardeado pelo inimigo (risos). Depois disso, só queria saber de sombra e água fresca (risos). Ao final recebi as 4 (quatro) medalhas do revezamento, além de uma garrafa de Powerade. Não teve distribuição de frutas (pelo menos não vi em canto algum), penso que a organização poderia ter observado essa questão. Por ter corrido dois trechos, a mim foi conferida duas medalhas, nada mais justo, pois fazia tempo que eu não “sofria” com a temperatura. Antes de ir embora, tirei fotos com os amigos e retornei para o merecido descanso do meu lar!

Eu
Com a galera no final
Valeu ter participado de uma prova que está diretamente ligada às minhas origens nas corridas de rua e também por ser uma boa oportunidade de conhecer pessoas e rever os amigos. Valeu também por ter saído de casa para correr 11Km e voltar para casa com uma meia maratona nas costas (risos). Não quero que esse relato seja encarado como pedante, quero deixar claro que o calor foi o meu “paredão” nessa prova. Graças à ajuda de todos, pude vencer mais esse desafio e escrever mais um capítulo na minha trajetória esportiva. Agradeço aos amigos Jorge, Ronaldo, Edílson, Tiago, Risocleide, Evaldo, Kobuta e todos os demais que tiveram uma excelente participação na prova. Espero vê-los em breve!
Medalha da 20ª edição
No meu próximo relato, contarei tudo sobre a IX Etapa da Copa Paulista de Corridas de Montanha, que ocorreu na cidade de Atibaia, no dia 30/09/12. Emoções não faltarão ao subir a famosa “Pedra Grande”.

Até a próxima!

3 comentários:

  1. Olá Daniel!
    Muito legal! Sempre que der passarei por aqui! Adoro conhecer as histórias de outras pessoas que também são apaixonadas por corrida!!
    Parabéns pelo blog e sucesso sempre!
    Um abraço!
    @polystrini (http://polystrini.blogspot.com)

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  2. Ops Dan, o começo do seu relato foi tao "bunitinhuuuu"!!! Tomara um dia o seu professor pudesse ouvir depoimentos positivos sobre seu trabalho, com certeza ele ficaria muito feliz por ter feito o seu trabalho! Bem dito isso, passo para o prova, que louuucuraaaa cara!!!! Correu td isso com aquele colorao???Realmente vc foi um vencedor!!!! Parabéns Dan!!!Q vc faca muitas e muitas provas PAC, jamais perca essa gratidão e alegria por aquilo q vc faz com tanto entusiamo!!!

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  3. Oi Daniel,

    Fiquei muito feliz em ler seu post pois também tive o privilégio de ser aluna do Professor Renato no 2º e 3º ano do ensino médio. O famoso "Pé-na-trilha", nome dado ao percurso que citou na escola, também me influenciou e muito a começar a correr. Lembro-me que até ultrapassava o número mínimo de tazos exigidos em cada bimestre. Tinham tantas atividades interessantes que ele nos passava, cheguei a ter aula de alongamento, circuito de exercícios de fortalecimento e até escalada. Confesso que me inspirei muito nele quando decidi fazer a faculdade de Educação Física.
    Parabéns pela prova e por todos posts do seu blog! Você consegue passar aos leitores cada sensação que passou.
    Um grande abraço!

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