quinta-feira, 18 de outubro de 2012

[ARTIGO] Atibaia continua a mesma (difícil em todos os sentidos)...

Olá amigos, a 9ª Etapa da Copa Paulista de Corridas de Montanha ocorreu no último domingo (30/09/12), na cidade de Atibaia/SP. Além de um visual exuberante, o maior desafio sem dúvidas foi subir até a famosa “Pedra Grande”, local onde estava concentrada a chegada da prova. A retirada dos kits de participação ocorreu na loja Mundo Terra, no bairro de Moema (São Paulo), na sexta-feira e no sábado. A exemplo das outras etapas, o kit foi composto por uma camiseta (cor verde limão), número de peito com chip de cronometragem acoplado, uma canequinha, uma revista Go Outside, um sachê de chá, um cartão de desconto na loja Mundo Terra e propagandas diversas. Não enfrentei filas, muito pelo contrário, o clima da loja estava “zen”, numa tranquilidade acima da média.
O que estava por vir...
O domingo amanheceu já com a ideia de que seria um dia muito ensolarado, no céu não via-se uma única nuvem sequer, totalmente “limpo” e de um azul cativante. Fui com os meus amigos Jorge e Eder, saímos de Mogi das Cruzes antes das 06h00min. Ao chegarmos à Atibaia, a movimentação do evento já era grande, muitos corredores fazendo aquecimento e alongamento, na região do Balneário, local onde toda a estrutura estava montada. No mesmo espaço, outros eventos esportivos ocorriam paralelamente, somados aos moradores e turistas, podia-se dizer que aquele domingo seria bastante agitado. O guarda-volumes foi disponibilizado em um caminhão, que levaria os pertences dos atletas até o local da chegada, na Pedra Grande.
Momentos antes da largada
A prova contou com duas distâncias: 12Km no percurso longo e 6Km no percurso curto, sendo que a largada seria simultânea para ambas. Somadas as duas modalidades, havia quase 300 (trezentos) atletas inscritos. Mais uma vez a Extreme Tours foi a operadora oficial que realizou o translado de alguns atletas, os demais chegaram à cidade de carro ou de ônibus. Apresentado o panorama geral, agora é hora de falarmos sobre a prova, cuja largada estava prevista para as 08h00min. Pontualmente, o trecho inicial foi em asfalto, pelas ruas da cidade, onde percebi muitos atletas correndo num ritmo muito forte, como já conhecia parte do itinerário, optei por uma cadência mais devagar e confortável, pois queria estar “inteiro” para os trechos de “escalada” rumo à Pedra Grande.
Subidas...
A prova ganhou contornos de montanha logo que o asfalto deu lugar às estradas de terra batida, como o tempo estava seco, a poeira subia sem grandes cerimônias. Dali para frente começou o famoso “sobe e desce” por trilhas fechadas e abertas. As subidas não eram tão íngremes como em São Roque ou Paraibuna, porém, Atibaia ainda reservava surpresas e trechos igualmente desafiadores. Nos dois postos de hidratação posicionados no percurso, tinha apenas água e isotônico, talvez pelo fato de ter tido frutas em outras etapas, automaticamente constatei essa “ausência”. Não fiz uso dos postos, corri com uma garrafa contendo isotônico preso junto à cintura. Antes da metade da prova, o calor que até então estava ameno, passava ao status de “protagonista”, incomodando muito os atletas.
Visual...
Vale lembrar que, antes da metade, os atletas do percurso curto já seguiam por outro caminho, porém, em algum momento haveria novamente o “encontro” das duas modalidades. Outra observação que faço é com relação ao nível de dificuldade da prova, até o quinto quilômetro, era uma prova muito rápida, mesmo com os desníveis e nivelações do solo, os atletas conseguiam imprimir um ritmo forte e sem sustos. A partir do sexto quilômetro, as coisas mudaram radicalmente, os obstáculos vieram à tona, era impossível correr, as trilhas se tornaram inaptas para velocidade, a paciência passou a ser testada a todo o momento, pois os lugares eram vencidos por um atleta de cada vez. Naquele momento não havia atleta lento ou rápido, todos estavam no mesmo patamar e para complicar, foi no trecho onde as duas distâncias se encontraram.
Posando para a foto...
As minhas ultrapassagens nas trilhas foram as mais educadas possíveis, ora pedia licença, ora o próprio corredor à frente cedia passagem. O clima era muito amistoso (não podia ser diferente), as subidas pelos barrancos eram cada vez mais difíceis, nesse momento as luvas tiveram um papel preponderante, já que utilizava os quatro apoios (braços e pernas) constantemente. Havia fiscais da prova em alguns pontos, com a missão de orientar os corredores e assegurar que tudo transcorria dentro do previsto. Alguns atletas abdicaram da prova em troca de acomodar-se nas grandes pedras ao redor para descansar e saborear a maravilhosa paisagem. O final estava próximo, já era possível avistar a famosa Pedra Grande, mas ainda havia alguns obstáculos pela frente, um deles um barranco, onde não havia nenhum jeito para apoiar-se, sabe-se lá como consegui subir e prosseguir na prova.
Pedra Grande
Não posso deixar de mencionar os fotógrafos espalhados pelo percurso, dentre eles o popular Tião, além da equipe de filmagem do “Zoom Vídeos”, que estava fazendo a cobertura oficial do evento. O final foi um misto de prazer e cansaço extremo, uma verdadeira escalada pela Pedra Grande, onde a minha subida (e da maioria) foi literalmente usando os quatro apoios, uma espécie de rendição àquela monstruosidade que era aquela pedra, nos tempos antigos, as pessoas (ou súditos) curvavam-se diante da figura considerada imponente, em sinal de respeito ou de submissão, e ali não foi diferente, a Pedra Grande “exigia” um esforço, mediante o enfrentamento de obstáculos, testes de aptidão e outras obrigações para se chegar até ela, cujo prêmio era a vitória particular de cada um e o deleite de vislumbrar aquele visual espetacular.
Finalizando
Finalizei com o tempo de 1h20min (20 minutos a menos em relação à única vez em que havia corrido em Atibaia, em 2008). Havia uma mesa com isotônico e água, nesse momento lembrei que no regulamento frisava que não haveria estrutura física na chegada. O retorno (ou resgate) seria de duas formas: pelas próprias trilhas ou de ônibus (cedidos gratuitamente pela organização). A partir desse momento as coisas começaram a fugir um pouco da normalidade, tentarei expor da melhor maneira possível. O trajeto realizado pelos ônibus foi um tanto longo (estradas de terra em condições irregulares e um trecho de rodovia), porém, era o único jeito de se chegar até aquele local, portanto, a crítica perde força quando se critica a distância (cerca de uns bons 40 ou 50 minutos). Por outro lado, estipular a premiação para as 12h00min, num evento em que a largada ocorreu às 08h00min, certamente causará muita discussão entre os envolvidos. A logística de se ter largada e chegada em locais distintos e com muitos obstáculos entre eles é algo que deve ser levado em conta.
Jorge e eu
Hidratação
A premiação começou por volta das 13h15min, o atraso também é relevante, que adianta acelerar o processo e promover erros calculáveis? Prefiro que a demora seja em detrimento da legitimidade, para que se promova a justiça, mesmo sabendo, com pesar, de que muitos atletas já haviam deixado o local, esvaziando aquele ótimo domingo que pairava sobre Atibaia. No instante da premiação, alguns aferimentos apresentaram problemas, comprometendo a premiação de algumas categorias, não sei se isso foi devido a transição do chip de cronometragem, antes dispostos nos cadarços e agora implantados no número de peito. Isso frustrou algumas pessoas, pois é gostoso demais poder subir ao pódio, ter o nome falado pelo locutor, receber palmas e ter fotos para a posteridade. Para agravar ainda mais a situação, os resultados não foram impressos e afixados, deixando os atletas cada vez mais impacientes.
Frutas no final (nesse instante ainda tinha)
Staff 
A estrutura montada para receber os atletas após o “resgate” estava bem abastecida quando cheguei (no 1º ônibus), porém, como a chegada dos atletas foi fracionada, acabou causando um efeito dominó, já que tinha uma porção variada de frutas e isotônico aos primeiros e nada aos últimos. É como uma festa, em que não sobra nada para os últimos que chegaram atrasados (seja qual for o motivo). Nisso, eu credito uma falha enorme da organização, pois os atletas que foram chegando, pegavam frutas aos montes (com toda razão, pagaram por isso e merecem usufruir). Na hora, nem passa pela cabeça do atleta que a mexerica a mais que ele pegou pode (ou não) faltar ao companheiro seguinte. Em vista disso, deveria haver uma previsão baseada nessas conformidades, já que o último atleta concluiu a prova com 2h35min e que, somado o tempo de regresso ao Balneário de Atibaia, chegaria por volta das 12h00min.
Pronto para a tirolesa
Aguardando a minha vez
Na medida em que o tempo passava, parecia que os equívocos só cresciam, teve até uma discussão a respeito de um atleta que estava inscrito no percurso curto, mas que na prova correu o percurso longo e que reivindicava essa alteração, pois a situação envolvia premiação. Nisso eu vou de encontro ao regulamento, pois estamos na 9ª etapa, próximo de encerrar o circuito e sabemos por A+B que essas exceções não são permitidas (se é moral ou imoral já é outra discussão). Penso que os bate-bocas são desnecessários, isso escandaliza e deteriora o evento, as manifestações contrárias devem ser realizadas dentro de um campo oportuno, fora do clima “pós-prova”, pois gera muito desgaste e não resolve nada, ao contrário, proporciona discórdia, deixa muita gente irritada e todos perdem com isso. E convenhamos: estamos praticando um esporte, não estamos numa reunião de condomínio!
Alto, não?
Sem volta!
Uma corredora fez menção às condições de algumas bananas, que estavam verdes, impraticáveis para o consumo imediato, também outro detalhe importante que não deve repetir-se. No limite da paciência, essa corredora ouviu “Tem fruta sim, tem banana”, apontando para as bananas verdes. Acho que os organizadores e staffs devem acolher os atletas com respostas menos capciosas e tratá-los com mais atenção, são pessoas que pagaram por um serviço, compõem a massa que responde pelo sucesso do evento e a organização depende dessas pessoas para a divulgação informal e assim, atrair mais interessados nas corridas de montanha. Infelizmente vivemos um momento em que os erros aparecem mais que os acertos, penso que a prova em si, largada, percurso, paisagem, a curtição de ir até Atibaia foi um sucesso e um bom divertimento, pois estava sol, o balneário tinha muitas atividades esportivas (fiz até tirolesa), um clima bastante familiar e festivo, pena que algumas pessoas não percebem toda essa gama de possibilidades.
Momento "Usain Bolt"
Tentei filtrar muitos dos comentários que li na fanpage das Corridas de Montanha no Facebook e acredito ter entrado na seara de boa parte do que foi debatido lá. Foi um evento com "altos e baixos", exatamente como são as Corridas de Montanha (morro acima, morro abaixo). Espero que a minha contribuição tenha servido ao interesse de todos, uma vez que a minha intenção é correr sempre na direção certa. Estou na torcida para que Atibaia permaneça no calendário 2013!
Medalha
Aos trancos, barrancos e montanhas, a vida segue, vamos que vamos pessoal, que a 10ª etapa (penúltima do circuito) já está aí (21/10/12) no Pico do Urubu, em Mogi das Cruzes.

Vídeo oficial da prova:


Bons treinos a todos!

4 comentários:

  1. Muito bom. Vc descreveu a prova perfeitamente. Vale comentar que nosso amigo Fabio, organizador das corridas de montanha, esta perdendo o respeito pelos corredores. Uma boa opção pra quem curte esse tipo de priva e migrar para carreiras de montanha, idealizada e organizada pelo Naval, atleta e campeão de muitas etapas de montanha. Bora correr e se divertir.

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  2. Oi Daniel, como sempre seu relato está excelente, com todos detalhes percebidos por você e também por outros participantes. Parabéns pela prova que não é nada fácil, é preciso muita resistência e coragem para participar.
    Abraços e um ótimo final de semana!

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  3. Relato excelente! Parabéns pelo texto e pela conclusão da prova!

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  4. Dan, radicalizou!!!! Eu apenas imagino que depois de uma prova super hiper casca grossa dessas, que exige de mais do atleta, vc fosse descansar, mas que nd!!! Foi se jogar na tirolesa!!!! Parabéns!!!! Olhar critico na medida, pois stress não faltou hein,,,!!! Agora essa Pedra realmente eh assustadora, qdo vi o vídeo, vcs passando naquela altura, uhuhuhu.... e q visual!!!! Parabéns, Parabéns, Parabéns!!!!

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