Abaixo texto que foi publicado na página das Corridas de Montanha, no dia 01 de
junho de 2012, onde passei a fazer parte do grupo de colaboradores que
escreverá periodicamente para o site.
Corrida de Montanha - SAP (foto: Marília Venâncio) |
Olhar de quem correu...
Olá amigos, aceitei o desafio de
colaborar com o site e, a partir de hoje, tentarei transmitir as minhas
impressões nos eventos organizados pelas Corridas de Montanha. Não ficarei
falando sobre mim, deixarei que vocês me conheçam aos poucos, na medida em que
eu for postando textos, acredito que essa seja a melhor maneira de iniciar um
vínculo saudável e promissor com todos aqueles que gostam das corridas de
montanha. A título de curiosidade, o meu nome é Daniel Gonçalves, sou
paulistano e corro há quase 11 anos (desde os meus 16 anos de idade). Participo
das corridas de montanha desde 2008, quando experimentei essa modalidade ao me
inscrever na etapa de Atibaia/SP.
Bom, falarei agora sobre o evento
a que me foi disponibilizado este espaço. É inegável o aumento da procura pelas
corridas alternativas, algo que seja diferente, que seja desafiador, que saia
da mesmice do asfalto. Isso não significa que será o fim das corridas de rua,
muito pelo contrário, atualmente existem ótimas opções de corridas, bom para
nós atletas, bom para os organizadores, bom para os novos empreendimentos,
enfim, no final das contas todos, de certa forma, saem ganhando. A 5ª etapa da
Copa Paulista de Corridas de Montanha, confirmada para o dia 27 de maio,
recebeu o “ingrediente” de ser também a edição especial dos “Campeonatos
Brasileiros Caixa de Corridas de Montanha”, seletiva cujo vencedor terá a
oportunidade de participar da prova sul-americana da modalidade.
Igreja da cidade |
Kit |
O processo de
inscrição é bem fácil, basta possuir um cadastro no site “Minhas Inscrições”
(vinculado ao site oficial do evento) e em poucos cliques a pessoa já terá
realizado a inscrição. As inscrições para esse evento custaram entre R$ 120,00
e R$ 140,00 respectivamente. A prova contou com duas modalidades: percurso
curto de 8,6Km e longo de 12,6Km. Na véspera, retirei o kit, sem filas ou
qualquer tipo de dificuldade, em seguida fui ao jantar de massas, no
restaurante “Picanha & Pasta”, recomendado pelos organizadores e não me
arrependi, fui bem servido, experimentei uma deliciosa picanha, além do
desconto recebido por conta da parceria com a organização do evento. Não posso
deixar de mencionar que estive na companhia da Vivian Pavão, que também estava
inscrita para a prova. O kit, disposto numa sacolinha de boa qualidade,
continha uma revista “Outside” (setembro de 2011 – repetida, pois já havia
recebido a mesma na retirada do kit da última etapa), uma bela camiseta manga
curta, dois números de peito (para o peitoral e as costas), um pacote pequeno
de granola, a já tradicional canequinha, além de um voucher para utilização gratuita
por 30 dias na equipe Selva Aventura.
Jantar de massas (e carne) |
Na companhia da minha amiga e parceira Vivian Pavao |
O domingo
amanheceu frio, mas com boa expectativa de sol, a concentração da largada
ocorreu na Praça do Artesão, onde grande parte da logística estava montada.
Notei poucos banheiros químicos, porém, não presenciei reclamação de ninguém a
respeito, tampouco se formou grandes filas ao redor, o que é um ponto positivo
para os organizadores. Como a chegada seria em outro local, no Pico Agudo, o
sistema de guarda-volumes foi concentrado numa van tipo escolar, que se
deslocaria até o ponto de chegada, sendo que o retorno dos atletas seria por
meio de micro-ônibus, que traria os corredores de volta a Praça do Artesão. A
largada foi um tanto confusa, pois o locutor anunciou que a modalidade curta
largaria primeiro e que, dois minutos após, seria autorizada a largada da
distância longa. O que de fato não ocorreu, pois a margem de tempo entre as
duas modalidades não chegou sequer a quarenta segundos. Alguns reclamaram, não
foi o meu caso, o clima estava muito bom para que aquilo atrapalhasse o meu bom
humor e disposição em enfrentar os desafios que viriam pela frente.
Largada na cidade |
Achei o trecho
inicial desnecessário, pois demos uma volta “perdida” nas duas principais
avenidas da cidade até iniciar as temíveis subidas. A exemplo das edições
anteriores, sob a justificativa de preservar o meio ambiente, não seria
distribuído água em copos, portanto, cada corredor seria responsável pela sua
hidratação. Notei que as placas de marcação foram dispostas de maneira
decrescente, ou seja, a placa de 8Km significava que ainda faltava mais da
metade da prova a ser percorrida. Não escondo a satisfação quando me deparo com
trechos difíceis pela frente, é o grande “barato” das corridas de montanha, sou
do tipo “quanto mais difícil melhor” (risos). Depois de um início monótono, o
percurso foi ficando cada vez mais interessante, onde passamos por estradas
rurais, subidas íngremes em estradas de terra em mal estado, por chácaras e
sítios, cães soltos ao longo do percurso, enfim, obstáculos não faltaram.
Subindo... |
Para a minha
surpresa, quando cheguei ao primeiro posto de hidratação, a água estava sendo
servida em copos descartáveis, por mais que isso beneficie os atletas
(inclusive este que vos escreve), não deixa de ser uma infração ao regulamento.
Dali em diante, iniciou a verdadeira corrida de montanha, isso porque foi um
incansável sobe e desce, muitos caminhavam, outros tentavam trotar, essa foi a
dinâmica até o final da prova. Não posso deixar de citar o excelente tempo
naquele dia, o céu estava azul como os “Smurfs” (risos), havia poucas nuvens
cobrindo o céu, em outras palavras, estava do jeito que qualquer corredor
gosta. Não percebi o momento da dispersão entre os atletas com a numeração
branca (longo) com os de numeração amarela (curto), sei após a metade da prova
ultrapassei alguns corredores da distância menor. Diferentemente das edições
passadas, não teve lama, barro e nem trechos em lagos, os percalços apareceram
de outras formas, pelas subidas e barrancos, fico imaginando como seria o mesmo
percurso percorrido à noite.
...subindo... |
...subida interminável... |
O melhor da
“festa” ficou para o final, mais precisamente os últimos dois quilômetros, onde
iniciei uma subida por uma estrada de terra irregular, com muitas pedras
soltas, onde ora afunilava, ora surgiam grandes valas, penso que apenas moto ou
trator é capaz de passar por aquele local. Enfim, até ali estava suportável,
eis que já era possível escutar o locutor no alto do pico, portanto, não estava
longe. Sem exceção, todos os corredores que estavam próximos, caminhavam, era
quase impossível correr, quando atingi o final da subida, entrei num terreno de
mato aberto que me conduziu até uma verdadeira escalada por um verdadeiro
morro, o fato de estar usando luvas facilitou, pois senti mais segurança para
usar os quatro apoios (pés e mãos). O final da escalada ainda reservou uma
verdadeira rampa por um trecho muito estreito e íngreme em mata fechada, não
conseguia enxergar o fim daquela subida, o cordão de isolamento era o meu guia,
se por um lado não tinha a mínima noção para onde estava indo, ao menos sabia
que aquele era o caminho certo.
Montanha... |
Mais montanha... |
Após aquela
sucessão de subidas, um verdadeiro “clarão” surgiu a minha frente, vi os
corredores que já haviam terminado incentivando aqueles que ainda estavam
“enroscados” nos diversos trechos da montanha, e segui a passos largos para
cruzar a linha de chegada com o tempo de 01h34min. Havia frutas, isotônico e
água a vontade para os atletas, recebi mais uma parte da mandala, com a
sensação de dever cumprido. Não perdi tempo e, aconselhado pela minha amiga
Vivian Pavão, fui rapidamente até o micro-ônibus, que por sinal já estava
cheio, e em pouco tempo já estava de volta a Praça do Artesão. Permaneci por
mais algum tempo no local, conversei com pessoas da organização, dentre elas a
Edna Vieira, que me fez o convite para escrever para o site. Em relação aos
amigos, encontrei o Jorge de Jesus, Toninho, o Marcelo Jacoto, o Antonio
Farroco, a Betânia Ferreira e a Maria Lúcia (conhecida como Malú). Não demorou
muito para os resultados preliminares serem divulgados, só não gostei porque
foram afixados em apenas um local, causando uma enorme confusão entre os muitos
atletas que ali estavam. Presenciei o Fábio Galvão, presidente da organização,
prestar alguns esclarecimentos sobre a prova, informar a desclassificação de
uma atleta (o que causou um certo desconforto), entre outras coisas. Não permaneci
para assistir cerimônia de premiação, pois tinha que regressar a São Paulo.
Chegada |
No micro-ônibus |
Para finalizar,
a prova em si teve uma ótima aceitação dos atletas, apenas faço ressalvas em
três pontos:
1) Sobre a
questão da largada, um dos momentos mais importantes do evento, a comunicação é
fundamental para que não haja desencontro de informações. O locutor tem que
estar integralmente sintonizado com os acontecimentos ao seu redor.
2) A não
distribuição de hidratação em copos descartáveis ainda gera muita discussão,
onde as pessoas estão divididas, alguns concordam, outros discordam. A
organização deixou claro que não serviria água em copos, não foi o que se viu
no evento. A água foi distribuída em copos, o que dá brecha para que outras
situações que o regulamento proíbe ocorram e causem desconforto (dor de cabeça)
para os organizadores.
3) Para que não
haja tumulto na verificação dos resultados, seria interessante a organização fixá-los
em diferentes pontos, assim dispersaria os atletas e causaria menos confusão.
Percebi alguns atletas mais exaltados, alguns com pressa em ver o resultado,
outros que, além do próprio resultado, permanecia para ver outras parciais,
causando aglomeração.
Em linhas
gerais gostei muito de ter passado o final de semana em Santo Antonio do Pinhal,
a organização em si está de parabéns pelo ótimo evento que proporcionou aos
atletas. O evento contou com a cobertura fotográfica do popular Tião Moreira e
da equipe de fotógrafos do portal Foco Radical. Foi uma prova de alto nível,
muito difícil, onde os obstáculos só engrandeceram a conquista daqueles que
completaram esse desafio. Imagino a quantidade de boas histórias que surgiram
depois dessa prova.
Copa Paulista de Corridas de Montanha |
Com a minha amiga Malú |
Vejam o vídeo
oficial da prova:
No próximo
relato (para o site oficial do evento e
para o blog após o relato dos ‘10Km do BRASIL’ – 03.06.12), escreverei
sobre um assunto espinhoso: o regulamento das corridas de montanha (a questão
da pontuação). Penso que será uma discussão interessante, pois teremos a
oportunidade de saber a opinião dos principais personagens das Corridas de
Montanha: nós, corredores.
Medalha |
Nunca fiz uma prova de aventura assim. Deve ser muito punk mesmo, né? Morro de medo de escorregões e de torcer o pé! Rsrsrs.
ResponderExcluirÓtimo relato, dá uma visão geral da prova! Obrigada pelas informações!
Nossaaaaa Dannnn, já tinha adorado o seu relato, agora vendo o vídeo, qué issoooooo!!!! Corridas de Montanha é só nome, isso é "Trilha na Montanha"!!!!! Q doido!!!
ResponderExcluirAdorei as fotos, isso é mais um item q preciso destacar, muito, muito lindas!!!! e Dan, Parabéns por mais uma mandala.
Oie Daniel!!
ResponderExcluirConcordo com Solange!! Foi trilha de montanha! E haja subida!!
PARABÉNS pela conquista, e valeu muito pelas fotos e dicas!!!
Bjs
Carmen
Ao ler seu relato fiquei com mais saudades ainda das minhas queridas montanhas!
ResponderExcluirparabéns!!!