[RELATO] Treinos, aniversário e 86ª São Silvestre

Olá amigos,

O texto está bem atrasado, porém merece ser escrito.

Após ter feito a Maratona de Florença em 28/11/10, a única corrida programada era a São Silvestre, por questões óbvias: vinha de contusão, utilizei o mês de dezembro para dar início ao processo de pré-temporada fora do asfalto, com aulas de Deep Running, pois assim teria uma “base” muito melhor que nos anos anteriores. Finalmente o grande dia chegou e, pelo que a semana anunciava, eu previ um calor intenso naquela sexta-feira, o que foi constatado até momentos antes da largada. Por volta do meio dia recebi um torpedo SMS da minha amiga Patrícia Ribeiro, confirmando que iria correr a São Silvestre, mesmo de pipoca. Dias antes (28/12) ela me acompanhou num belo jantar japonês em comemoração ao meu aniversário (26 anos) e, ainda ganhei um DVD da minha banda favorita: Guns N’ Roses. É verdade que a intenção dela foi a melhor de todas, mas todos sabem que eu possuo tudo (ou quase) sobre essa banda, aí resolvemos passar na Livraria Cultura e trocar o presente, acabei optando pelo DVD dos Flashman (série japonesa de Live-Action dos anos 80 que eu adoro!!!).

Essa foto foi tirara pela Patrícia (por isso ela não aparece - risos)

Só para registrar, dois dias depois (30/12) fui presenteado pela a minha amiga Marilia com outro jantar japonês, dessa vez encaramos uma verdadeira “batalha naval” (risos), como vocês podem ver na foto.

Minha amiga Marilia e eu

Combinamos nos encontrar as 16h15 num ponto que seria definido na hora. Um grave erro (risos), pois a Avenida Paulista estava completamente lotada, era gente indo e vindo de todos os lados possíveis. Encontrei vários amigos antes da prova e por um descuido, confundi o local do guarda-volumes, acabei indo na direção oposta onde estava posicionados os caminhões dos correios (aliás, cabe ressaltar a ótima idéia de dividir o guarda-volumes em vários caminhões, o que garantiu a dispersão e evitou o tumulto). Perdi minutos preciosos, pois a minha numeração estava justamente no último caminhão do comboio. Quando cheguei na Avenida Paulista, seria impossível encontrar a Patrícia. Outra curiosidade foi o horário da largada ser em horário e minuto “quebrado”, às 16h47, em quase uma década de corridas, nunca havia participado de uma prova com o horário daquela forma.

Antes da largada: eu e os amigos Evaldo e Pedro

A corrida seria especial para a minha amiga, afinal ela nunca tinha feito a São Silvestre, com o agravante de nunca ter corrido uma prova superior a 10Km. Ou seja, ela tinha desafios e tabus suficientes para encarar naquele dia. A largada foi uma verdadeira festa, já estava desacreditado em encontrar a Patrícia, então segui em frente, mas sempre olhando para os lados. Estava num ritmo confortável, sem pressa, curtindo a festa, aproveitando cada minuto. Eis que no final da Rua da Consolação, direciono a atenção para uma pessoa com uma camiseta azul, escrita nas costas “Patrícia”, pura coincidência, pois nunca pensei que a encontraria naquela multidão de mais de 21 mil pessoas. A partir daquele momento seguimos juntos, nem precisa dizer que “paramos” para todas as fotos possíveis (risos). Foi a primeira prova que fiz sem relógio, afinal o meu compromisso não era com o tempo, o importante era que estava me sentindo bem fisicamente e sem dores. A persistência da Patrícia era grande, em nenhum momento perdeu o sorriso e esteve sempre focada em vencer o desafio. Após vencermos a “temida” subida da Avenida Brigadeiro Luis Antonio, ela deu um sprint tão forte que me deixou para trás (risos).

Minha amiga Patrícia e eu

Fechamos a São Silvestre em 02h09min, mas quem se importa com tempo se tantas outras motivações estavam correndo em paralelo naquele dia? Eu que corri solto, sem dores, e ainda de “pacer” da minha amiga, que não se continha em felicidade após aquele feito. Foi o encerramento de um ano vitorioso para mim, em todos os sentidos e nada melhor do que uma corrida daquelas para ser o aperitivo para os acontecimentos de 2011.

Correndo com a camiseta da Maratona de Florença 2010

Observações: distribuição de água sem maiores problemas, guarda-volumes muito bem localizado (atrás do MASP, em caminhões dos CORREIOS, com lotação de mil em mil (total de vinte baús), somente o kit de frutas ao final, que foi uma verdadeira bagunça e como bem citou a jornalista Yara Achôa, aquele caminhão velho com staffs distribuindo as sacolas parecia tudo, menos um local de kit pós-prova.

Bom, todos sabem que a 86ª edição da São Silvestre foi tomada por muita polêmica, após a organização anunciar que a medalha comemorativa seria entregue antes da prova, dentro do Kit de número de peito, camiseta e chip. Participei de alguns blogs, minha opinião veio em desencontro com praticamente 95% dos corredores, mas a defendi por dar crédito a inovações, mas desde que seja apenas em caráter experimental e não definitivo. Abaixo comentários que externei em alguns sites de corredores:

Sobre a polêmica da medalha "pré-prova"

Comentário no BLOG da jornalista YARA ACHÔA (da revista Contra-Relógio)

Discordo da medalha ser entregue antecipadamente, caso essa medida se torne uma prática rotineira. Não abomino a decisão da Yescom de entregar a medalha na EDIÇÃO 2010 porque entrará na HISTÓRIA como a PRIMEIRA CORRIDA DE SÃO SILVESTRE em que isso foi feito. Não falo isso em tom de mérito, mas sim na qualidade de ser algo único, pois duvido que essa prática ocorra novamente. A medalha é um certificado de conclusão de algo em que atingimos todos os requisitos para merecê-lo, nisso eu desaprovo por completo a medida da organizadora. Sem contar a sensação de ansiedade, surpresa e estímulo de completar a prova que vai para o “espaço”, pois não teremos o que almejar “materialmente” falando. Por outro lado, não é tão ruim assim, pois não corremos em função da medalha e sim em detrimento do prazer pelo esporte, pela confraternização com familiares e amigos, pela festa, pela realização pessoal e por termos saúde para estar num evento em que muitos gostariam de estar. Nem todos tem a oportunidade que estamos tendo, portanto, seria um equívoco reclamarmos disso. O protesto é livre, cada um reage da maneira que lhe convir, porém, o regulamento está disponível antes de efetuarmos a inscrição. E a salva guarda da organização está no item em que eles podem fazer alterações a qualquer momento. Não estou defendendo a organização, estou apenas deixando de contestar algo que eu concordei no ato da inscrição. Vamos lá pessoal, é época de festa, não deixemos que isso nos aborreçam no último dia do ano. Não nos preparamos para receber medalha, nos preparamos para concluir a meta estabelecida (15Km). Repito: por questão de honraria ou maneira simbólica de congratular o atleta que terminou a prova, sou da opinião que as medalhas devem ser entregues ao final, mas já que na São Silvestre será antes, experimentemos essa medida, não será sempre mesmo!

Pessoal, muita gente está fazendo uma tempestade pela questão da medalha. Ninguém aqui é o Muttley, que faz tudo por medalha. A medalha é um objeto simbólico. Por exemplo: eu já paguei a conta no restaurante no ato do pedido, não foi ao final como costumeiramente a maioria faz, isso não quer dizer que eu não pagaria se não gostasse da refeição. Estou percebendo que as pessoas estão vidradas no pequeno “objeto” e não na disposição física e mental de percorrer o trajeto, ver o mar de gente que cercam os atletas em praticamente todos os pontos do percurso, em poder saborear cada quilômetro vencido, cada aplauso e incentivo que recebe ao longo do caminho, enfim, não podemos concentrar todas as atenções no recebimento da medalha, está certo que ela foi imortalizada com o símbolo de uma conquista, mas as pessoas estão confundindo essa questão e perdendo a noção do verdadeiro propósito de participar de um evento no último dia do ano, no encerramento de um ano vitorioso para um ano que tem tudo para ser melhor. Os mais exaltados com a decisão dirão que o meu discurso é positivista, mas se eu não pensar em ser positivo, o que devo pensar? Existe uma sugestão melhor? Quer dizer que dane-se tudo, o que importa é a bendita medalha no final? Eu sou um crítico da São Silveste, sei das suas deficiências, sei que outras organizações a superam em vários aspectos, mas pelo clima, pela confraternização, pelo grande número de adeptos de outros estados, enfim, acabo sempre fazendo a inscrição e essa será a minha 8ª (oitava) participação (inscrito).

Comentário no BLOG da jornalista YARA ACHÔA (da revista Contra-Relógio), momentos após a primeira postagem:

Li o post. Os ânimos estão exaltados. Já manifestei a minha opinião a respeito: sou favor da medida da Yescom. Afinal, as argumentações da organização são coerentes, levando-se em conta que já tive conhecidos que na “muvuca” do final, acabaram ficando sem medalha, apenas para o EVENTO SÃO SILVESTRE, sou a favor que a medalha seja entregue antecipadamente. Sou corredor e corredor só pensa em correr, mas esquecem-se que o último dia do ano na avenida paulista e arredores é um verdadeiro caos. Só cabe a mim saber o valor da medalha, se eu participar saberei que fiz por merecer. Agora quem não correr e ficar com a medalha se gabando ou desmerecendo o evento, sinto muito, mas cada um sabe o que é melhor para si (e para o seu ego). Para os demais eventos, que a medalha continue sendo entregue ao final. É uma situação que não vai levar ao lugar nenhum, só a discussões e dissabores desnecessários como a autora do blog teve com o representante da organização, se alguém não gostou da medida, então não vá, não corra, vá ao cinema, faça um churrasco, visite amigos, vá correr no Ibirapuera, enfim, opções não faltam. Parabéns Yara por permitir que o seu blog seja mais um canal para um debate democrático, mas desta vez, estou com a minoria e vou muito mais pela necessidade que a situação da cidade apresenta, do que pela emoção. Mais um detalhe: todo mundo sabe que a capacidade para a São Silvestre sempre foi 15 mil atletas (nem um a mais, nem um a menos, pois leva-se em conta os pipocas e esse número sempre chegava aos 20 mil). Porém com apelos e mais apelos dos atletas para aumentar a capacidade, foi para 20 mil, só que a avenida paulista continua do mesmo tamanho, ou seja, sou favor também da redução do número de inscritos para dar maior confortabilidade e até mesmo segurança aos atletas. A não ser que você transfira a São Silvestre para a USP, aí sim pode organizar uma prova de 50 mil inscritos tranquilamente, e aí todo mundo fica feliz.Obs.: esse que vos fala tem 25 anos de idade e já participou de 7 (sete) São Silvestres. Um feliz natal a todos e que 2011 seja de centenas e centenas de quilômetros para todos nós!

Comentário no BLOG da ultramaratonista JOEL LEITÃO (sobre a decisão de abortar a corrida de São Silvestre):

Acho que sua decisão foi precipitada. Você já deve ter lido o meu ponto de vista sobre a decisão da Yescom de entregar a medalha antes do evento. Não estou defendendo a Yescom, já corro há 9 anos (desde os 16) e já passei por várias situações e a deste ano será mais uma delas. Portanto, me sinto seguro e com propriedade para opinar, uma vez que não sou marinheiro de primeira viagem. Você devia ir lá e correr, faça o seguinte: convide a sua mãe, ou seu pai ou algum ente querido e deixe a medalha com ele, convide-o para assistir a essa festa, e ao final receba a medalha diretamente das pessoas que você mais ama, duvido que você não se emocionará e isso terá um valor muito maior do que receber da (má) organização ao final, onde há tanto empurra-empurra e você acaba recebendo a medalha meio que no "automático" por uma pessoa que está sendo paga para fazer. Quanto ao amigo que você repassou a inscrição, tenho certeza que ele está muito feliz, afinal, não há medalha, não há preço (isso se for observado após a prova) que pague estar lá, naquele clima maravilhoso, que contempla o final de um ciclo e abre as portas para mais um ano em nossas vidas. Você é uma pessoa saudável, Deus te deu todas as condições necessárias para exercer essa prática maravilhosa, benéfica, não permita que um pensamento fixo ou um descontentamento com uma das partes envolvidas o faça deixar de participar de um evento em que o mais importante está no SEU espírito de esportividade. Seja altruísta o suficiente para enxergar o seu propósito, não se preocupe se fulano ou ciclano ganhará medalha sem correr, o importante é que você, seja antes ou depois da entrega da medalha, a fará por merecer e a colocará no peito com orgulho e dirá a todos que ali tem o suor de uma pessoa que luta por suas conquistas.
Se sob o seu ponto de vista a Yescom cometeu um erro grave, não cometa outro ao não fazer parte dessa festa que em nada tem a ver com a organização. A festa somos nós quem fazemos, deixemos a Yescom pensar que são eles os donos...

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Só para deixar registrado: agradeço a minha amiga Marta Broggini, que me presenteou com o DVD (importado) da banda japonesa “TUBE”. Muito obrigado Marta, por tudo, especialmente pela amizade.

E assim terminou o ano de 2010, apesar de algumas polêmicas (não minhas), o saldo foi além do esperado. O meu próximo relato será sobre a minha estréia em 2011, na corrida do Aniversário de Santo Amaro (Sesc) que aconteceu no dia 16/01/11.

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Até a próxima!