sábado, 24 de junho de 2017

Opinião de quem leu...

Olá pessoal, iniciando uma nova fase em meu blog, com assuntos relacionados a livros, onde falarei a respeito das minhas últimas leituras, sem perder de vista os tradicionais relatos das corridas que participei. Cheguei à conclusão que ler não é uma tarefa fácil. O que você espera de uma leitura? Informação, conhecimento? Sim, a leitura permite descobrir coisas das quais não sabemos ou reafirmarmos algo que já aprendemos em algum momento da vida. Mas para a leitura ser produtiva é necessário que algumas coisas funcionem ao mesmo tempo: silêncio no ambiente, evitar interrupções constantes, estar descansado, não fazer da leitura um ato obrigatório, e por aí vai. Tenho uma facilidade de poucos: consigo ler quando estou em transporte público, ou seja, a soma de veículo em movimento mais a densidade de várias pessoas ao redor. Aprendi a me concentrar, se bem que nem sempre isso acontece, afinal, nem tudo é perfeito.


O livro que trago ao conhecimento dos senhores é o romance de ficção policial e de mistério “ANOITECE NO IRAQUE – Projeto Brainwashing”, do espanhol José María Fernández-Luna Martinez. Mas não se enganem, ele utiliza o pseudônimo de Patrick Ericson, por motivos que até o momento desconheço por completo. A história baseia-se nos acontecimentos imediatamente após os atentados do 11 de setembro de 2001, em que dois aviões foram de encontro com as torres do “World Trade Center”, situada em Nova Iorque, nos Estados Unidos. A organização fundamentalista islâmica al-Qaeda, que abriga os terroristas mais procurados do planeta, reivindicou a autoria dos atentados. Logo em seguida, os Estados Unidos, sob a bandeira do combate ao terror, invadiram o Afeganistão e o Iraque, com a justificativa de conter o avanço das células terroristas, bem como desatinar as possíveis armas de destruição em massa (químicas e biológicas) que esses países poderiam guardar, o que colocaria o planeta em total perigo.

A história cerca o tenente americano Jack Parsons, atormentado pela morte da esposa (grávida), que trabalhava numa das Torres Gêmeas, quando ocorreu o atentado. Buscando vingança, acaba descobrindo uma história de conspiração, na qual aponta alguns líderes americanos (juntamente com os britânicos) como os verdadeiros autores daquele ato de terrorismo que abalou o mundo em 2001. Já no Iraque, compondo a primeira força de coalização a entrar no devastado país, Jack chega bem próximo de apoderar-se dos documentos comprobatórios que revelam em detalhes um esquema fabricado de propagação do terror, com a finalidade de reduzir a população mundial e com isso criar-se um novo modelo de governo unificado no planeta, baseado na opressão e no autoritarismo (o tal Projeto Brainwashing). Porém, o oficial é ferido gravemente e acaba sendo obrigado a retornar aos Estados Unidos, como prega a doutrina de guerra.

Não ficou bem claro o que de fato ocorre com os feridos nas batalhas, isso quando se recuperam sem sequelas, já que no período em que ele se encontra hospitalizado, a deferência empregada pelo autor passa a tratar Jack Parsons como “ex-tenente” do Exército americano. Parsons tem dois familiares próximos, o pai, Howard, um coronel aposentado, e seu irmão Fred, advogado. Por intermédio do pai, Jack consegue voltar ao Iraque, mas na condição de mercenário pela empresa de segurança privada Blackwater. Lá entra em contato com a curadora do Museu Arqueólógico de Bagdá, encarregada de negociar o contundente dossiê, em troca de uma alta soma de dólares e passaportes para retirar do país a esposa e filhos do seu ex-amante e funcionário do museu (assassinado meses antes), além da irmã dele e seus respectivos filhos, que pretendiam seguir vida na Jordânia.

O Iraque está um caos completo, milhares de pessoas morrendo, bombardeios de toda sorte, uma guerra civil sem fronteiras, onde o vácuo de poder deixado pelos americanos após a prisão do líder Saddam Hussein, é o terreno fértil para a proliferação de células radicais e outros insurgentes, determinados a morrer em prol das mais diversas causas. Paralelo ao isso, há os conflitos de interesses entre as grandes potências, uma verdadeira busca sem precedentes pelos documentos secretos, seja por parte dos órgãos de inteligência dos Estados Unidos (que viam um risco caso o conteúdo desses – desconhecidos na essência – fossem revelados), seja pelo interesse dos europeus, mais especificamente dos britânicos, em não perder de vista cada movimento dos americanos. Enfim, é um prato cheio para quem gosta de histórias que chacoalham o planeta. 


O livro apresenta algumas falhas (estou sendo muito razoável), já que em determinado momento me vi na obrigação de anotar tudo em um caderno, porém, logo abandonei a ideia diante de intermináveis erros ortográficos na tradução (que já estavam me deixando nervoso com as interrupções forçadas). Enviei um e-mail à Editora Geração, cobrando uma posição a respeito. Se não fosse pela curiosidade natural e insaciável que tenho pelas coisas de um modo geral, dificilmente eu teria seguido até o fim com este livro. Mas a história é boa e cheia de reviravoltas, sem rodeios e mostrando a realidade nua e crua da guerra. Levei cerca de duas semanas para ler, sem pressa, tirando uma ou duas horas por dia.

Dados:
Nome: ANOITECE NO IRAQUE
Autor: Patrick Ericson
Editora: Geração Editorial
Ano: 2012
Tradução: Mirían Ibañez
Páginas: 469
Preço médio:
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Um comentário:

  1. Você é um privilegiado, ler é viver fantasias é apender o que não podemos aprender no cotidiano. e ah você também é persistente, afinal ir até o fim de um livro mal traduzido, parabéns!!!

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