sábado, 10 de janeiro de 2015

K21 Series Serra do Japi


Pense numa prova difícil. Agora multiplique o nível de dificuldade por cinco. Pronto, matematicamente falando, você consegue imaginar o perrengue que passei nessa prova. Mas não estou reclamando, e sim comemorando, um evento que proporcionou fortes emoções, do início ao fim, marca registrada da Patagonia Eventos. Marcada para o dia 22 de novembro de 2014, a um custo nada convencional de R$ 275,00, a última etapa brasileira dessa série de meias maratonas foi levada à Fazenda Guaxinduva, localizada no município de Cabreúva, interior do estado de São Paulo. A organização “operacional” do evento ficou a cargo da empresa E2X Esporte e Entretenimento, até então, novidade para mim.

Belo visual
Fazenda Guaxinduva
A cidade de Cabreúva dista aproximadamente noventa quilômetros para quem parte da cidade de São Paulo. Fui de carona com a minha amiga Clausen Colins, que participa ativamente do circuito de corridas. Também foi conosco outro corredor, o Danilo Balú, que dessa vez foi como espectador. Partimos bem cedo, ainda nem havia amanhecido, tudo para evitar qualquer tipo de imprevisto. No caminho, o assunto não poderia ser outro: as expectativas que tal desafio nos aguardava. Não foi difícil localizar a Fazenda Guaxinduva, logo na portaria (que é uma propriedade particular), havia conferência dos inscritos mediante apresentação de documento, já que estava proibida a entrada de pessoas não autorizadas.

Retirada do kit
Parte do material que veio no kit
O kit de participação veio recheado de coisas bacanas: uma cinta porta garrafa de 500ml e com quatro bolsos, customizado com a marca K21, uma viseira na cor preta, uma camiseta azul (uso obrigatório na prova), uma garrafa tipo sachê ou mesmo “Soft Flask” (flexível), além de gel carboidrato e outros trecos. A temperatura estava agradável, acredito que próximo aos 22ºC (o que é ótimo para a prática esportiva). A arena do evento sofreu uma queda de energia momentos antes da largada (prevista para ocorrer às 09h00). Falando em largada, um atraso de quinze minutos devido a enorme fila que se formou para entrada na fazenda (esse esquema de conferência precisa ser revisto na próxima edição, confirmada para 2015).

Galera chegando para o evento
Tudo preparado
Além da distância tradicional de 21Km, havia trechos menores, com 5 e 10Km, respectivamente. A festa que marcou a largada foi muito bacana, bem organizada, sem qualquer tumulto. Visto em imagens ou vídeos, parecíamos os “Smurfs” (risos). Os primeiros dois quilômetros foram tranquilos, subidas e descidas razoáveis, acho que para “amaciar” o corpo, pois dali para a frente começou uma verdadeira “montanha russa”, trechos muito técnicos, com trilhas fechadas, onde se corria e caminhava em fila indiana. A certa altura, não me recordo em qual quilômetro, as subidas se tornaram longas, onde não se via o final. Lembro que fiz várias ultrapassagens, mesmo caminhando, talvez pelo fato de estranhamente eu reagir melhor em subidas.

Galera animada para a prova
Momento "fotos para a imprensa" (risos)
Já nas descidas, igualmente difíceis, pois qualquer desatenção era tombo na certa e poderia causar graves consequências. Os meus dois graus de miopia ainda me permite correr sem óculos, mas farei uma releitura a respeito disso para as próximas corridas de aventura. Em determinados momentos, abdiquei da caminhada e tentei pequenos trotes, mas receava que isso poderia me cansar mais. A hidratação foi fundamental, não enfrentei problema em nenhum dos postos, todos bem abastecidos. Aliás, que ninguém dependa exclusivamente dos postos, que são poucos, o ideal é cada um levar a sua reserva de água ou o que julgar melhor. O contato com a natureza daquele lugar é espetacular, percurso totalmente “off-road”.

"Smurfs" na largada
Visual exuberante
Perto do final da prova, uma subida íngreme do tipo “Como vou escalar essa porra?”, pensei em todos os treinos “não feitos” de pernas e demais membros inferiores na academia (Bodytech Vila Olímpia). Mesmo assim, o meu rendimento foi acima do esperado, os treinos de natação e musculação (meia-boca, admito), resultaram em boas condições para encarar aquele desafio. Uns vinte minutos ou mais após vencer aquele paredão (pouco mais de trezentos metros), o refresco veio igualmente proporcional, numa descida das mais doidas que já vi, até corda havia para auxiliar aquele trecho. Em desci agachado, escorregando, ao melhor estilo “ver no que vai dar”, o que acabou dando certo, mas nem preciso dizer foi terra para tudo quanto é lado.

Vídeo oficial da prova:


A partir daí encontrei corredores das distâncias menores, pessoas que pouco se importavam com o tempo, queriam mais é curtir aquela natureza exuberante. E a tão aguardada cachoeira surgiu nos quilômetros finais, cercada de muito verde, pedras enormes e movimentada por águas geladas. A água batia na altura das minhas canelas, nada muito difícil até então, o cuidado seria apenas para evitar o desequilíbrio corporal e seguir em frente. Nesse momento chutei, inadvertidamente, uma pedra que devia ser enorme, pois era impossível descrever o tamanho nela, em grande parte submersa naquelas águas correntes. Fui às “estrelas” quando senti o impacto, com o corpo aquecido, amenizou a dor, fiquei imaginando o estrago quando tirasse o tênis.

Mais uma para a conta
Sujinhos no pós-prova (risos)
Já estava com a mão direita estropiada, mesmo usando luvas, momentos antes, para evitar uma descida brusca, apoiei com toda força numa árvore, só que no tronco havia espinhos pontiagudos, o que causou machucados leves. Creio o leitor já percebeu que tipo de prova foi essa na Serra do Japi, sem dúvidas a mais complicadas de todas que fiz este ano (até então tinha como parâmetro de dificuldade a Corrida dos Eucaliptos). No percurso, acabei conhecendo, por acaso, a Lídia Simões, exímia corredora de aventura. Cheguei a ultrapassá-la em algum momento, porém, surgida como uma verdadeira “Fênix”, essa guerreira deu o troco faltando pouco mais de um quilômetro para o final. Encontrou forças sabe-se lá de onde (risos).

Pós-prova com a Clausen e o Marcelo Jacoto
Pódio (olhem a Neidinha Rosa faturando o 2º lugar na categoria)
Cansado, os metros finais foram os mais “planos” de toda a corrida, porém, por tudo o que tinha passado, o trecho em que eu já estava esgotado fisicamente. Já era possível escutar o som da música e do locutor anunciando os concluintes. Finalizei os 21Km com o tempo de 2 horas e 59 minutos, o que me deixou bastante satisfeito, já que fazer uma prova daquela sub-3h foi para lá de especial. Recebi a medalha de participação e um isotônico. Sobre a medalha, achei simples demais, sem referência a etapa e igual para todas as distâncias. Pelo valor pago na inscrição, penso que a organização poderia inovar, já que se trata de um evento diferenciado. Faltou algo que os argentinos prezam muito em seus eventos: glamour.

E não é que a minha amiga faturou mais um troféu?
Danilo Balú e a Clausen Colins
De qualquer forma, participar dessa corrida me motivou a tomar algumas decisões visando 2015, entre elas, participar de mais etapas da K21 Series e focar nos treinos de musculação. Outra decisão foi tornar assinante da revista Contra-Relógio, uma das melhores (senão a melhor) revista sobre corridas do país. Em parceria com a revista, a Patagonia Eventos CONCEDIA 20% de desconto nas inscrições de todas as suas provas, porém, tive a amarga surpresa de que esse desconto foi reduzido a 10% nos eventos de 2015 (notícia recebida em 07/01/15). Bom, só espero que a qualidade dos eventos K21 Series tenha em 2015 o mesmo “glamour” que as etapas argentinas possuem, pois é desagradável pagar um alto valor na inscrição e não ter o devido retorno.

Para 2015 essa dupla montanheira estará de volta!
Medalha
Por falta de boas opções no calendário, essa acabou sendo a minha última prova em 2014, porém, sem qualquer frustração, mesmo porquê pude me dedicar com maior afinco aos treinos. Muitos me perguntam o motivo de não querer fazer a São Silvestre; a todos dou a mesma resposta: já participei de dez edições, todas com alguma coisa errada que deu com a organização, por isso resolvi dar um tempo de correr esse evento. Para a edição 2014, li que 1.800 kits saíram impressos como “Volta da Pampulha”, acho que não preciso dizer mais nada. Espero que tenham gostado do relato, para 2015 muitas provas de aventura em vista, que farei questão em dividir com vocês no blog.

Um Feliz Ano de 2015 e que você continue correndo na estrada da vida. Mas lembre-se: um bom preparo e um bom tênis ajuda e muito!!!

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