quinta-feira, 25 de outubro de 2012

[ARTIGO] Pico do Urubu: difícil até para eles!

Olá amigos, a 10ª Etapa da Copa Paulista de Corridas de Montanha ocorreu no último domingo (21/10/12), no município de Mogi das Cruzes/SP. Menos de um mês após a difícil tarefa de subir à Pedra Grande, em Atibaia, o desafio dessa vez era alcançar o Pico do Urubu, ponto mais alto da Serra do Itapety. Não bastasse o fato do Pico do Urubu ser uma montanha com 1.160 metros de altitude, o percurso reservou ainda muitos obstáculos que foram desde estradas esburacadas e descidas desniveladas, até rebanhos de gado pelo caminho. Vale lembrar que essa foi a penúltima etapa do circuito, que será finalizada no final de novembro, em São Bento do Sapucaí/SP. Para mim, tudo o que era dito e mostrado sobre o lugar estava no plano teórico, considerando o fato de ser uma prova inédita no meu currículo e, ainda mais por conta dos perrengues enfrentados ao longo do ano, nas etapas anteriores, podia-se dizer que o “espírito” estava preparado para novas aventuras.
Os donos do pedaço
As inscrições ocorreram seguindo os padrões anteriores, feitos pela internet com a confirmação mediante o pagamento de boleto bancário. Começou custando R$ 90,00, passou para R$ 120,00 e na semana da prova atingiu o valor limite de R$ 140,00. A retirada do kit aconteceu novamente na loja Mundo Terra, em Moema (mesmo local da retirada para a prova em Atibaia) na sexta-feira e no sábado. Também era possível efetuar a retirada no dia da prova. Fui recepcionado pelo Felipe Vizioli, que também estava inscrito para essa etapa. O kit veio disposto numa sacolinha personalizada, contendo uma camiseta na cor preta (para mim a mais bonita do circuito), chip de cronometragem de cadarço (parece que o chip no peitoral não deu muito certo), número de peito, revista Go Outside (repetida, infelizmente), a tradicional canequinha, uma bananinha de Paraibuna, além de propagandas.
Kit
O domingo começou adiantado literalmente, pois teve início o horário brasileiro de verão, onde muitos estados do país tiveram que adiantar os relógios em uma hora no momento em que os ponteiros marcassem meia-noite (sábado para domingo). O dia mais “curto” não foi suficiente para amenizar o forte calor que “abraçou” Mogi das Cruzes naquela manhã. A largada estava prevista para as 08h00min, tanto para a distância longa (aproximadamente 14Km), quanto para a modalidade curta (pouco mais de 7Km). A concentração do evento ocorreu na Mansão Ágape, localizada próximo ao Anel Viário de Mogi das Cruzes. Cheguei por volta das 07h00min, tempo suficiente para conhecer o local e fazer o aquecimento antes da largada. Os fotógrafos Tião Moreira e o Wladimir Togumi (Adventuremag) foram os responsáveis pela cobertura fotográfica do evento.
Entrada da Mansão Ágape
Antes da prova começar
A largada, simultânea para as duas modalidades, aconteceu da forma como a maioria dos corredores gostam: em descida, um cenário amplamente favorável de que poderia ser uma prova rápida. Inocente engano, pois a descida revelou-se apenas uma armadilha para aqueles que depositaram muita energia no início. Pouco tempo depois, as subidas ganharam espaço, tornando-se a tônica do percurso, muitos barrancos sinuosos, onde a caminhada foi a única maneira de vencê-los. Por ter feito uma largada forte, peguei pouco tráfego na primeira “escalada” e, ao olhar para trás era possível ver a enorme fila indiana que se formava, de nada adiantava ter pressa, ao contrário, era necessário ter paciência. Foi apenas o começo de uma trajetória perniciosa, onde os atletas tiveram que redobrar a atenção, pois qualquer lapso poderia causar torções ou quedas.
Início da escalada
Antes de iniciar a subida pelo morro que dava acesso ao Pico do Urubu, outros obstáculos, de menor potencial, surgiram pelo caminho: trilhas abertas, subidas curtas e grandes pedras pelo caminho, tudo isso cercado por um visual sensacional. O cenário, aberto praticamente em 360º, permitia observar num horizonte não muito distante a Serra da Mantiqueira, palco de outras etapas da Copa Paulista de Corridas de Montanha. Parei para fotografar, confesso que me “embriaguei” com tantas belas paisagens, além de usar esse tempo para recobrar um pouco do fôlego. O sol foi um personagem importante, contribuiu para aumentar a fadiga de muitos (senão de todos?) já que o clima abafado dava a sensação de tudo ser mais difícil do que aparentava ser. O primeiro posto de água surgiu no pé da montanha principal, ponto de retorno para os atletas da modalidade curta (perderam o principal da festa).
Belo visual
Serra do Itapety
A partir desse momento, iniciou-se uma nova prova, pois a subida rumo ao Pico do Urubu era lenta e ao mesmo tempo degradante, por um lado era possível avistar o ponto culminante, por outro lado parecia que não chegava nunca! Subi com muitas dificuldades, lembrei na hora do ritmo forte que imprimi no início, energia que estava fazendo falta naquele momento. A passos lentos, chegando ao ponto de me rastejar pelo percurso (usando os quatro apoios), o Pico do Urubu se assemelhava à Pedra Grande (Atibaia): não era possível chegar até eles sem sofrer um pouco (risos). Depois de muito tempo “enroscado” naquela montanha, consegui atingir o cume e fincar a minha bandeira imaginária e, em poucos segundos iniciei o processo de descida, pelo lado oposto. Para minha surpresa (e alívio), o retorno foi um verdadeiro prêmio, mesmo com a estrada cheia de desníveis e buracos dos mais variados tamanhos.
Subida ao Pico do Urubu
A descida foi totalmente convencional, sem grandes surpresas, em alta velocidade, parecia que a minha disposição havia voltado, nem parecia que minutos atrás estava me arrastando. Boa parte desse trecho percorri no mesmo ritmo do meu amigo Eder Galhardo, morador da região, e um dos idealizadores do percurso, que contribuiu sobremaneira com a organização do evento nessa etapa. Já próximo do final (entre os quilômetros 8 e 12) alguns obstáculos inusitados surgiram pelo caminho: desde motoqueiros fazendo rali até rebanhos de gado, todos eles vindo na direção oposta. Apesar de levar hidratação própria, fiz uso do suporte oferecido pela organização, já que o calor exacerbado contribuiu para findar o meu isotônico antes do previsto. Por vários momentos não percebi a presença de ninguém por perto, parecia que eu estava correndo sozinho, fato que não me incomodou, serviu apenas para reforçar a minha concentração rumo a Mansão Ágape.
Pelo caminho...
Os últimos dois quilômetros foram penosos, eu achava que não havia mais subidas, no entanto, o retorno deu-se pelo mesma descida do início, aquela em que eu precipitadamente corri feito um atleta dos 800 metros rasos (risos). Não havia outro jeito senão caminhar, aliás, até poderia arriscar trotar, mas seria tremendamente desgastante, por isso segui a máxima de que “caminhar é preciso” (trocadilho com a famosa frase “Navegar é preciso”, utilizada por navegadores antigos). Ao avistar a entrada da Mansão Ágape um misto de alegria e sentimento de vitória, busquei uma energia “engavetada” não sei de onde e comecei a correr novamente, parecia um faminto em direção a um prato de comida, o locutor pronunciou o meu nome a poucos metros de finalizar com o tempo de 1h30min. Fui direto às mesas e frutas e de hidratação, onde encontrei o meu amigo Jorge, que já havia terminado a prova muito antes.
Pórtico de chegada
Após a prova
Recebi a penúltima medalha da grande mandala, agora resta apenas uma peça, ansiosamente aguardada, cujo desfecho será no próximo dia 25/11/12, em São Bento do Sapucaí/SP. Sem demoras, os resultados estavam afixados para o conhecimento de todos, provando que o problema ocorrido em Atibaia foi um fato isolado. Fui recompensado com o 3º lugar na categoria 18-29 anos, o que me deixou muito contente, valorizando cada perrengue sobreposto naquele dia. A premiação ocorreu de forma rápida, porém, a organização ficou apenas na dependência de algumas categorias do longo feminino, onde não foi possível efetuar a entrega dos troféus com a mesma celeridade, já que ainda havia algumas mulheres correndo. Não presenciei reclamações de nenhuma natureza, a hidratação e as frutas saciaram as necessidades de todos. As bananas “verdes” estavam amarelas e no ponto para o consumo imediato (risos).
3º lugar na faixa etária (18-29 anos)
Medalha
As corridas de montanha têm proporcionado a este que vos escreve a possibilidade de conhecer várias pessoas, dentre as quais posso citar: Vivian Pavao, Felipe Vizioli, Rita Verati, Jorge de Jesus, Eder Galhardo, Aparecida Prado, Valeria Fontes, Maria Lucia, Ana Cugler, João Roberto, Antonio Carlos (Toinho), Nelson Yanasse, entre outros que terei o prazer de citar nos próximos textos. São pessoas que trocaram o domingo pragmático do asfalto pelos desafios incalculáveis das montanhas, trilhas, estradas vicinais e muitas vezes intrafegáveis. Será que haverá champanhe após a última etapa em São Bento do Sapucaí? (risos). Acho que merecíamos, pois essas pessoas venceram tantos desafios ao longo do ano e chegar aonde chegaram é algo a ser enaltecido aos quatro cantos como um feito digno de reconhecimento e lembrado para a posteridade.
Com a minha mais nova amiga Valéria
Valéria no pódio: mandou bem!!!
Pessoal, o Pico do Urubu ficou para trás, então, nos vemos em São Bento do Sapucaí, rumo à Pedra do Baú!

7 comentários:

  1. Dan, vejo que esse espírito de sempre buscas "novas aventuras", é essencial na sua trajetória, assim além de encontar pelo caminho belas, maravilhosas e sensacionais paisagens (céu, aves, animais, montanhas...), vc ainda tem o prazer e o privilégio de conhecer pessoas que farão parte de sua vida! Os urubus ficam pelo caminho, o melhor te acompanha. E Parabéns por mais esse pódio merecidíssimo!!!!Ah! se não tiver festa, champagne e outras coisas no encerramento, será uma mancada, vcs precisam comemorar e muito esse ano, e aproveite a comemoração!

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  2. Já já está preparado para escalar o Monte Everest!
    Show!
    Parabéns!
    Claudia Schaefer

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  3. Afff, que dificuldade estes caminhos! Não é à toa que chega uma hora que tem que caminhar, né? E que fôlego, hein? Parabéns pelo pódio!

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  4. PARABÉNS PELO PÓDIO!!!

    Vc merece, pela dedicação, animação e treino!!!

    Bjs

    Carmen Zevallos

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  5. Parabéns Daniel pela prova e pelo pódio!
    Estou torcendo por você na prova em que completará a sua mandala.
    Um grande abraço e bons treinos!

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  6. Parabéns Daniel, não só pelas grandes aventuras nas montanhas, mas também pela clareza da narrativa, muito bom de ler.O seu bom humor imprime leveza e faz o diferencial nos seus textos.Adorei também as fotos, ilustraram bem todo acontecido até aqui e me diverti muito com a foto que justifica a sua não participação em uma das etapas (risos)...Parabéns mesmo.Sucesso para você na última etapa, estarei aguardando as fotos e o desfecho desta aventura...Beijos!

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  7. Valeu cara conheço o local é 10 10 10 10 para quem gosta de morro e montanhas ....

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