Olá amigos, a 10ª Etapa da
Copa Paulista de Corridas de Montanha ocorreu no último domingo (21/10/12), no
município de Mogi das Cruzes/SP. Menos de um mês após a difícil tarefa de subir
à Pedra Grande, em Atibaia, o desafio dessa vez era alcançar o Pico do Urubu,
ponto mais alto da Serra do Itapety. Não bastasse o fato do Pico do Urubu ser
uma montanha com 1.160 metros de altitude, o percurso reservou ainda muitos
obstáculos que foram desde estradas esburacadas e descidas desniveladas, até
rebanhos de gado pelo caminho. Vale lembrar que essa foi a penúltima etapa do
circuito, que será finalizada no final de novembro, em São Bento do Sapucaí/SP.
Para mim, tudo o que era dito e mostrado sobre o lugar estava no plano teórico,
considerando o fato de ser uma prova inédita no meu currículo e, ainda mais por
conta dos perrengues enfrentados ao longo do ano, nas etapas anteriores, podia-se
dizer que o “espírito” estava preparado para novas aventuras.
As inscrições ocorreram
seguindo os padrões anteriores, feitos pela internet com a confirmação mediante
o pagamento de boleto bancário. Começou custando R$ 90,00, passou para R$
120,00 e na semana da prova atingiu o valor limite de R$ 140,00. A retirada do
kit aconteceu novamente na loja Mundo Terra, em Moema (mesmo local da retirada
para a prova em Atibaia) na sexta-feira e no sábado. Também era possível
efetuar a retirada no dia da prova. Fui recepcionado pelo Felipe Vizioli, que
também estava inscrito para essa etapa. O kit veio disposto numa sacolinha
personalizada, contendo uma camiseta na cor preta (para mim a mais bonita do
circuito), chip de cronometragem de cadarço (parece que o chip no peitoral não
deu muito certo), número de peito, revista Go
Outside (repetida, infelizmente), a tradicional canequinha, uma bananinha
de Paraibuna, além de propagandas.
O domingo começou adiantado
literalmente, pois teve início o horário brasileiro de verão, onde muitos
estados do país tiveram que adiantar os relógios em uma hora no momento em que
os ponteiros marcassem meia-noite (sábado para domingo). O dia mais “curto” não
foi suficiente para amenizar o forte calor que “abraçou” Mogi das Cruzes
naquela manhã. A largada estava prevista para as 08h00min, tanto para a
distância longa (aproximadamente 14Km), quanto para a modalidade curta (pouco
mais de 7Km). A concentração do evento ocorreu na Mansão Ágape, localizada
próximo ao Anel Viário de Mogi das Cruzes. Cheguei por volta das 07h00min,
tempo suficiente para conhecer o local e fazer o aquecimento antes da largada. Os
fotógrafos Tião Moreira e o Wladimir Togumi (Adventuremag) foram os
responsáveis pela cobertura fotográfica do evento.
A largada, simultânea para
as duas modalidades, aconteceu da forma como a maioria dos corredores gostam:
em descida, um cenário amplamente favorável de que poderia ser uma prova
rápida. Inocente engano, pois a descida revelou-se apenas uma armadilha para
aqueles que depositaram muita energia no início. Pouco tempo depois, as subidas
ganharam espaço, tornando-se a tônica do percurso, muitos barrancos sinuosos,
onde a caminhada foi a única maneira de vencê-los. Por ter feito uma largada
forte, peguei pouco tráfego na primeira “escalada” e, ao olhar para trás era
possível ver a enorme fila indiana que se formava, de nada adiantava ter pressa,
ao contrário, era necessário ter paciência. Foi apenas o começo de uma
trajetória perniciosa, onde os atletas tiveram que redobrar a atenção, pois
qualquer lapso poderia causar torções ou quedas.
Antes de iniciar a subida
pelo morro que dava acesso ao Pico do Urubu, outros obstáculos, de menor
potencial, surgiram pelo caminho: trilhas abertas, subidas curtas e grandes
pedras pelo caminho, tudo isso cercado por um visual sensacional. O cenário,
aberto praticamente em 360º, permitia observar num horizonte não muito distante
a Serra da Mantiqueira, palco de outras etapas da Copa Paulista de Corridas de
Montanha. Parei para fotografar, confesso que me “embriaguei” com tantas belas
paisagens, além de usar esse tempo para recobrar um pouco do fôlego. O sol foi
um personagem importante, contribuiu para aumentar a fadiga de muitos (senão de
todos?) já que o clima abafado dava a sensação de tudo ser mais difícil do que
aparentava ser. O primeiro posto de água surgiu no pé da montanha principal,
ponto de retorno para os atletas da modalidade curta (perderam o principal da
festa).
A partir desse momento,
iniciou-se uma nova prova, pois a subida rumo ao Pico do Urubu era lenta e ao
mesmo tempo degradante, por um lado era possível avistar o ponto culminante,
por outro lado parecia que não chegava nunca! Subi com muitas dificuldades,
lembrei na hora do ritmo forte que imprimi no início, energia que estava
fazendo falta naquele momento. A passos lentos, chegando ao ponto de me
rastejar pelo percurso (usando os quatro apoios), o Pico do Urubu se
assemelhava à Pedra Grande (Atibaia): não era possível chegar até eles sem
sofrer um pouco (risos). Depois de muito tempo “enroscado” naquela montanha,
consegui atingir o cume e fincar a minha bandeira imaginária e, em poucos
segundos iniciei o processo de descida, pelo lado oposto. Para minha surpresa
(e alívio), o retorno foi um verdadeiro prêmio, mesmo com a estrada cheia de
desníveis e buracos dos mais variados tamanhos.
A descida foi totalmente
convencional, sem grandes surpresas, em alta velocidade, parecia que a minha
disposição havia voltado, nem parecia que minutos atrás estava me arrastando. Boa
parte desse trecho percorri no mesmo ritmo do meu amigo Eder Galhardo, morador
da região, e um dos idealizadores do percurso, que contribuiu sobremaneira com
a organização do evento nessa etapa. Já próximo do final (entre os quilômetros
8 e 12) alguns obstáculos inusitados surgiram pelo caminho: desde motoqueiros
fazendo rali até rebanhos de gado, todos eles vindo na direção oposta. Apesar
de levar hidratação própria, fiz uso do suporte oferecido pela organização, já
que o calor exacerbado contribuiu para findar o meu isotônico antes do
previsto. Por vários momentos não percebi a presença de ninguém por perto,
parecia que eu estava correndo sozinho, fato que não me incomodou, serviu
apenas para reforçar a minha concentração rumo a Mansão Ágape.
Os últimos dois quilômetros
foram penosos, eu achava que não havia mais subidas, no entanto, o retorno
deu-se pelo mesma descida do início, aquela em que eu precipitadamente corri
feito um atleta dos 800 metros rasos (risos). Não havia outro jeito senão
caminhar, aliás, até poderia arriscar trotar, mas seria tremendamente
desgastante, por isso segui a máxima de que “caminhar é preciso” (trocadilho
com a famosa frase “Navegar é preciso”, utilizada por navegadores antigos). Ao
avistar a entrada da Mansão Ágape um misto de alegria e sentimento de vitória,
busquei uma energia “engavetada” não sei de onde e comecei a correr novamente,
parecia um faminto em direção a um prato de comida, o locutor pronunciou o meu
nome a poucos metros de finalizar com o tempo de 1h30min. Fui direto às mesas e
frutas e de hidratação, onde encontrei o meu amigo Jorge, que já havia
terminado a prova muito antes.
Recebi a penúltima medalha
da grande mandala, agora resta apenas uma peça, ansiosamente aguardada, cujo
desfecho será no próximo dia 25/11/12, em São Bento do Sapucaí/SP. Sem demoras,
os resultados estavam afixados para o conhecimento de todos, provando que o
problema ocorrido em Atibaia foi um fato isolado. Fui recompensado com o 3º
lugar na categoria 18-29 anos, o que me deixou muito contente, valorizando cada
perrengue sobreposto naquele dia. A premiação ocorreu de forma rápida, porém, a
organização ficou apenas na dependência de algumas categorias do longo
feminino, onde não foi possível efetuar a entrega dos troféus com a mesma
celeridade, já que ainda havia algumas mulheres correndo. Não presenciei
reclamações de nenhuma natureza, a hidratação e as frutas saciaram as
necessidades de todos. As bananas “verdes” estavam amarelas e no ponto para o
consumo imediato (risos).
As corridas de montanha têm
proporcionado a este que vos escreve a possibilidade de conhecer várias
pessoas, dentre as quais posso citar: Vivian Pavao, Felipe Vizioli, Rita
Verati, Jorge de Jesus, Eder Galhardo, Aparecida Prado, Valeria Fontes, Maria
Lucia, Ana Cugler, João Roberto, Antonio Carlos (Toinho), Nelson Yanasse, entre
outros que terei o prazer de citar nos próximos textos. São pessoas que
trocaram o domingo pragmático do asfalto pelos desafios incalculáveis das
montanhas, trilhas, estradas vicinais e muitas vezes intrafegáveis. Será que
haverá champanhe após a última etapa em São Bento do Sapucaí? (risos). Acho que
merecíamos, pois essas pessoas venceram tantos desafios ao longo do ano e
chegar aonde chegaram é algo a ser enaltecido aos quatro cantos como um feito
digno de reconhecimento e lembrado para a posteridade.
Pessoal, o Pico do Urubu
ficou para trás, então, nos vemos em São Bento do Sapucaí, rumo à Pedra do Baú!
Dan, vejo que esse espírito de sempre buscas "novas aventuras", é essencial na sua trajetória, assim além de encontar pelo caminho belas, maravilhosas e sensacionais paisagens (céu, aves, animais, montanhas...), vc ainda tem o prazer e o privilégio de conhecer pessoas que farão parte de sua vida! Os urubus ficam pelo caminho, o melhor te acompanha. E Parabéns por mais esse pódio merecidíssimo!!!!Ah! se não tiver festa, champagne e outras coisas no encerramento, será uma mancada, vcs precisam comemorar e muito esse ano, e aproveite a comemoração!
ResponderExcluirJá já está preparado para escalar o Monte Everest!
ResponderExcluirShow!
Parabéns!
Claudia Schaefer
Afff, que dificuldade estes caminhos! Não é à toa que chega uma hora que tem que caminhar, né? E que fôlego, hein? Parabéns pelo pódio!
ResponderExcluirPARABÉNS PELO PÓDIO!!!
ResponderExcluirVc merece, pela dedicação, animação e treino!!!
Bjs
Carmen Zevallos
Parabéns Daniel pela prova e pelo pódio!
ResponderExcluirEstou torcendo por você na prova em que completará a sua mandala.
Um grande abraço e bons treinos!
Parabéns Daniel, não só pelas grandes aventuras nas montanhas, mas também pela clareza da narrativa, muito bom de ler.O seu bom humor imprime leveza e faz o diferencial nos seus textos.Adorei também as fotos, ilustraram bem todo acontecido até aqui e me diverti muito com a foto que justifica a sua não participação em uma das etapas (risos)...Parabéns mesmo.Sucesso para você na última etapa, estarei aguardando as fotos e o desfecho desta aventura...Beijos!
ResponderExcluirValeu cara conheço o local é 10 10 10 10 para quem gosta de morro e montanhas ....
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