sábado, 21 de maio de 2011

[PARTE 2 - FINAL] Relato sobre a Corrida da Ponte 2011


Continuando...

Não estava nos meus planos dividir este relato em capítulos, agradeço os comentários dos amigos que acompanharam a primeira parte e pela expectativa criada sobre essa aventura.

Pórtico de largada em Niterói (fonte DIVULGAÇÃO)

Atletas correndo na Ponte (fonte DIVULGAÇÃO)

Não precisei ser acordado, acredito que a ansiedade foi o principal fator que me fez despertar antes mesmo do horário previsto para começar a arrumar as coisas. Na verdade, tanto em corridas quanto em outros compromissos, estou me especializando em acordar sozinho antes do relógio soar o alarme (risos). Ainda estava de madrugada quando levantei (05h30), tão logo a Sueli me ligou para saber se eu já estava pronto. Em poucos minutos já estava no andar térreo tomando café. Por um minuto pensei em permanecer ali comendo até não poder mais, tamanha eram as opções para o café. Tive que me contentar com um copo de suco de pêssego e uma fatia de pão com geléia. Juntamos-nos a outros dois corredores e fomos de táxi até a barca que nos levariam ao local da largada (Niterói). O céu estava de um azul imponente, o que indicava um dia tremendamente quente. Ao chegarmos ao acesso à barca, havia centenas e centenas de corredores com o mesmo objetivo, todos na maior expectativa para aquele evento. Já era possível avistar a Ponte Rio-Niterói, seria um desafio e tanto, totalizando quase 14Km somente na ponte.

Minha amiga Sueli e eu na barca


Vista do alto da ponte (fonte DIVULGAÇÃO)

Havia uma previsão de aproximadamente oito mil atletas (limite imposto pela organização). Outro detalhe é só poderia acessar a barca os atletas devidamente identificados com uma pulseira, dessa forma, o acesso dos “pipocas” não seriam permitidos. Vale lembrar que esse evento teve um custo financeiro elevado aos organizadores devido à necessidade de interditar parcialmente a ponte, visto que milhares de veículos trafegam por ali diariamente passando obrigatoriamente pelos pedágios. Ainda mais por ser uma corrida cuja última realização havia sido em 1986 (a primeira em 1981 e a segunda em 1985). Coloquei as minhas coisas no guarda-volumes e fui para o local de partida. A largada ocorreu pontualmente às 08h00, os dois primeiros quilômetros foram por Niterói até atingirmos a entrada da ponte. Ao iniciarmos essa trajetória (em subida) já pude notar a exuberância daquela paisagem, dividida entre o mar e Copacabana no horizonte. A medida que o tempo passava, o calor se intensificava, havia um verdadeiro congestionamento nas demais pistas da ponte em que não estavam interditadas. Os veículos faziam um verdadeiro buzinaço, alguns incentivavam, outros reclamavam pelo tempo em que estavam ali naquele trânsito, enfim, havia “gregos”, “troianos” e nós corredores. Por um momento pensei que pegaria “tráfego” lento durante boa parte da corrida, ocorreu o contrário, após o quarto quilômetro, houve uma dispersão em que pude aproveitar e curtir a paisagem, observar cada detalhe daquele que estava sendo considerado como um “evento histórico”.

Eu posando para fotografia

Os postos de hidratação funcionaram corretamente, bem como a sinalização, que também esteve satisfatória. No quilômetro seis, avistei a jornalista Yara Achôa (revista Contra Relógio), fiz um aceno e segui adiante, para não tirar a concentração dela. Por ser uma corrida diferenciada e por ser a primeira no Rio de Janeiro, optei em fazer uma prova segura, tanto que após o quilômetro treze (já no final da ponte) percebi o desgaste de muitos atletas. Até ali estava tranquilo, sem pressa, com boa reserva caso fosse necessário, enfim, todo o desenvolvimento até aquele trecho percorrido seguia conforme o imaginado anteriormente. Havia fotógrafos por toda a parte e também o bom número de fiscais de prova. Já na segunda metade, recebemos uma garrafa do isotônico Powerade (o preferido desde pseudo-blogueiro). Quando avistei a placa do quilômetro 17 o calor parecia derreter o asfalto, impressionante que em poucos minutos a temperatura elevou-se de tal forma que interferiu diretamente no rendimento de muitos corredores que estavam a minha frente. Até ali o meu corpo respondia muito bem, sentia que poderia forçar mais, porém, optei por manter a idéia inicial, ou seja, de não perder a consistência. Depois que a ponte terminou, seguimos por um trecho muito árduo, seco, abafado, a área perimetral que dava acesso à ponte. Aquele trecho de aproximadamente uns cinco quilômetros foi, sem dúvidas, o mais difícil, me fez lembrar da “Avenida Politécnica” ou mesmo do “Elevado Costa e Silva (minhocão) em dias de prova com sol escaldante.

Já na área perimetral

Vista aérea da ponte (fonte DIVULGAÇÃO)

Vencido aquele trecho, os três quilômetros finais foram no Aterro do Flamengo, próximo ao Museu de Arte Moderna (ocasião da retirada dos kits), ali já havia os moradores e transeuntes parabenizando os atletas. Alcancei o Francisco, da equipe Diebold Procomp, ele estava num ritmo muito bom. A chegada foi triunfal, uma verdadeira festa nos aguardavam, todos muitos animados. Completei os 21,400Km em 1h44min12seg, fiz uma prova que classifiquei como consistente, burocrática e sem sustos, no qual mantive o mesmo ritmo do início ao fim, tendo concluído praticamente em perfeitas condições físicas, sem nenhuma sequela pós-prova. Recebi outro Powerade (na verdade deram duas garrafas) e uma bela medalha, que fez jus a grandiosidade do evento. Encontrei um lugar com sombra para esperar a minha amiga Sueli, nisso acompanhei a premiação, onde tiveram dois vencedores que, num ato de fair-play (exemplo de esportividade), ultrapassaram a linha de chegada juntos e de mãos dadas. Com pouco mais de três horas e quinze a Sueli cruzou a linha de chegada com um sorriso que não cabia no rosto. Ela me contou todas as adversidades que enfrentou na prova, desde socorrer um amigo que estava passando mal, chegou a acompanhá-lo no ônibus apelidado de “caveirão” (aquele que retira os atletas sem condições físicas de correr durante a prova), chegou a ficar bem perto desse ônibus, mas que de maneira perseverante não desistiu em nenhum momento e realizou o sonho de concluir a Corrida da Ponte. O final não poderia ser diferente: tiramos muitas fotografias, de todas as formas possíveis, ainda conversamos com alguns amigos e pegamos um táxi de volta para o hotel.

Após a corrida


Medalha da prova

Chegando ao hotel, tomei um banho e combinei com a Sueli de almoçarmos ali mesmo no hotel. Eram 14h00 e a Sueli resolveu me apresentar a praia, fomos caminhando (duas quadras) até o calçadão de Copacabana. A praia não estava cheia, sentamos num local para tomarmos sol. Fazia anos que não sentava na areia para me bronzear um pouco e nem ia até a beira do mar, pois nas outras ocasiões em que estive nas praias em São Paulo, todas foram pelas circunstâncias de corridas e até mesmo uma maratona, em nenhuma delas desfrutei de momentos de lazer antes ou depois dos eventos. Como bom turista, pude observar atentamente que o local estava abarrotado (e recheado) de lindas mulheres (risos). Após algumas horas descansando sob aquele sol escaldante, fomos caminhar pelo calçadão. A Sueli me contou várias coisas sobre o Rio de Janeiro, fomos de uma extremidade a outra, ainda vi o famoso hotel Copacabana Palace (onde autoridades, artistas e estrelas do cinema e da música se hospedam). Permanecemos ali até o anoitecer, retornamos ao hotel, pois precisávamos dormir um pouco, visto que tínhamos que estar no aeroporto às 05h00 de segunda-feira. Assisti um pouco de televisão antes de dormir, com a vontade de ficar mais tempo, pois havia muitos pontos turísticos que não deu tempo de conhecer (Pão de Açúcar, Cristo Redentor, andar de bondinho, entre outros).

O almoço pós-corrida

Praia de Copacabana

Praia de Copacabana

Já na segunda-feira ainda de madrugada, arrumei a minha mala, paguei a minha estadia e fui para o aeroporto. O embarque para São Paulo estava previsto para às 06h20, o que ocorreu pontualmente. Tão logo ocorreu o desembarque, fui direto para o trabalho, pois estava de volta à normalidade e a agitação da cidade de São Paulo. Gostei muito de ter corrido no Rio de Janeiro, afastei alguns pré-pensamentos que tinha a respeito da cidade, fui muito bem recebido pelas pessoas com quem tive algum contato e espero retornar mais vezes e encarar outros desafios (maratona, meia maratona e outras provas). Infelizmente acabei não conhecendo a Prissi Cordeiro, minha futura parceria de corridas de aventura (em dupla) e nem o grande Jorge Cerqueira, mas muito se deu pelo fato de ter sido uma viagem rápida. Após essa prova passei a conhecer várias pessoas do Rio: a equipe Filhos do Vento e por coincidência na largada a minha amiga virtual Elaine (que fazia meses que não tinha notícias). Pena que não consegui encontrar Carmen “Agnes” Zevallos, que é uma simpatia em pessoa, mas logo isso será resolvido, pois vem aí o evento Anime Friends, em julho, e a Carmen já confirmou presença.

Curtindo a praia de Copacabana

Praia de Copacabana (final do dia)

Observação: a minha performance na distância da meia maratona sobrevoa entre 1h35 à 1h40. Ao concluir a Meia da Ponte em 1h44 (na verdade possui quase 400 metros a mais que a marcação oficial da meia), pensei que as adversidades da prova tivessem apenas me afetado, porém, ao conversar com alguns corredores e mesmo observar os resultados finais no site, pude notar que a temperatura foi o grande vilão do evento, pois boa parte dos atletas concluíram com dez, quinze ou até mesmo vinte minutos além do que estão acostumados a fazer. Com esse tempo, ocupei a 353ª colocação, dentre quase oito mil atletas inscritos, o que ratifica eu ter feito uma prova segura e sem sustos.

Observação 2: percebi que sobraram Powerade e água ao final da prova. Achei esquisito, pois a abundância desses líquidos assustava. Depois cheguei à seguinte conclusão: a ausência dos “pipocas” proporcionou aos inscritos receberem mais de uma unidade desse isotônico ou mesmo água.

André, Sueli e eu

Aguardem o próximo relato, será sobre o meu final de semana na São Paulo Formula Indy 300 (30/04 e 01/05/11).

4 comentários:

  1. Além de fazer uma corrida especial num lugar sensacional, ainda continua a fazer suspense... Ok, mas vamos lá, q cafezinho da manhã frugal? Mas compensou né, afinal não é td dia q se pode ultrapassar os carros no trânsito, desfrutando de uma bela paisagem, fazer pose para as fotos, (isso depois de 1h44 de corrida), tomar sol em Copa, caminhar na praia até anoitecer e, ainda ir para o trabalho direto com cara de quem descansou o final de semana inteiro! Só vc!
    Então, parabéns!! Adorei e estou esperando mais,
    Bjs,

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  2. Oi Daniel! Que fotos lindas e que vontade de correr aí, pena que é tão longe do Paraná. Já estou te seguindo tbém! Abraço e bons treinos, Marluce

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  3. Oi Daniel!!!! Adorei seu relato...Até fiquei com saudades de correr novamente da Corrida da Ponte! Ainda bem que não fui so eu que achei a Perimetral terrível :-) Bjos e Bons Treinos

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  4. Muito bom o teu relato.
    Além de todo o charme da corrida em si, fizestes um passeio pra lá de turístico pela cidade.
    Abraço e bons treinos!
    Ingrid

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